A Sony não estava de brincadeira quando revelou que iria tratar smartphones topo de linha com prioridade. Apresentado no Brasil em setembro — quase um mês depois de seu anúncio na IFA 2017 —, o Xperia XZ1 é o mais recente membro dessa categoria, ficando apenas ligeiramente abaixo do Xperia XZ Premium.

Ligeiramente mesmo: os dois modelos são muito parecidos visualmente e têm especificações quase idênticas, incluindo processador Snapdragon 835, 4 GB de RAM e câmera traseira de 19 megapixels. Quais as diferenças? Basicamente, o Xperia XZ1 é o Xperia XZ Premium com tela reduzida (5,2 polegadas) e sem 4K, além de bateria com menor capacidade.

Mas, havendo semelhanças ou não, o importante é saber como o Xperia XZ1 encara o seu trabalho. O desempenho convence? A bateria tem bastante autonomia? As câmeras correspondem à categoria do aparelho? Eu conto tudo o que descobri nos próximos parágrafos.

Em vídeo

Design

No design, o Xperia XZ1 segue o mesmo estilo dos últimos lançamentos da marca: poucas linhas, traseira lisa, laterais curvadas, botão Liga / Desliga com sensor de impressões digitais no lado direito, o sempre útil botão dedicado às câmeras um pouco mais abaixo e, bom, bastante espaço acima e abaixo da tela.

Eu até gosto desse padrão visual. Ele dá à linha uma identidade própria, inconfundível. Por outro lado, reconheço que esse estilo já é um tanto ultrapassado. Aliás, não é só eu: a própria Sony já fala em renová-lo.

Mas as mudanças ficarão para o ano que vem. Quem estiver disposto a comprar o Xperia XZ1 precisa saber que estará levando para casa um smartphone bonito, mas que, a exemplo dos seus antecessores, lembra um HD externo slim ou uma bateria portátil.

Porta USB-C

Porta USB-C

O modelo encaixa bem nas mãos e, por isso, não escapa fácil. O corpo é todo de metal e tem uma textura fosca que, na minha opinião, é muito mais interessante que a superfície de vidro com efeito espelhado da traseira do Xperia XZ Premium. O Xperia XZ1 acaba sendo mais robusto, portanto, e menos suscetível a marcas de dedo, embora o modelo preto, testado para o review, consiga evidenciar bastante as manchas.

Xperia XZ1

É necessário abrir uma gaveta no lado esquerdo para inserir o SIM card e o microSD (de até 256 GB). Note, porém, que o SIM card fica em uma bandeja à parte. Como ela é muito pequena, é fácil perdê-la. Pode não ser uma boa ideia tirá-la, por exemplo, se você estiver em um carro em movimento.

Xperia XZ1

Vale destacar também que o Xperia XZ1 tem certificado IP65/68. Só que a Sony aprendeu a lição e não insinua mais que o aparelho é à prova d’água. Ele é só resistente a “respingos e garoas inesperadas”.

Tela

Do tipo IPS LCD, a tela é um dos pontos fortes do Xperia XZ1. Ela não tem os 3840×2160 pixels do Xperia XZ Premium, mas, cá entre nós, nem precisa ter. Resoluções altíssimas podem ser boas para realidade virtual ou vídeos em 4K, por exemplo, mas a oferta de conteúdo nesses padrões ainda é baixa. Os 1920×1080 pixels do Xperia XZ1 são mais do que suficientes para a maioria dos mortais.

O tamanho é de 5,2 polegadas contra 5,5 polegadas do Xperia XZ Premium. Para ser franco, eu não veja essa diferença como uma desvantagem. O Xperia XZ1 acaba tendo dimensões menores e, portanto, é um pouco menos “esticadão” que o Xperia XZ Premium. Mas ambos sofrem do mesmo problema: o aproveitamento do espaço frontal é consideravelmente inferior em comparação aos topos de linha da concorrência.

A tela do Xperia XZ1 é HDR, sendo inclusive compatível com os vídeos nesse padrão disponíveis na Netflix

A tela do Xperia XZ1 é HDR, sendo inclusive compatível com os vídeos nesse padrão disponíveis na Netflix

A questão das bordas generosas soa até repetitiva, eu sei, mas leve em conta, por exemplo, que o aproveitamento do espaço frontal do Galaxy S8 ou do LG G6 supera 80%. No Xperia XZ Premium e no Xperia XZ1, essa medida é de 68,6% e 68,4%, respectivamente. A Sony precisa mesmo trabalhar esse quesito, pelo menos nos aparelhos mais avançados.

Em termos de qualidade de imagem, o trabalho da Sony é inquestionável. As cores são vívidas e podem ter a intensidade ajustada ao seu gosto em um dos três modos de cor disponíveis no aparelho, o preto é excelente para um painel LCD, o brilho permite que você enxergue o conteúdo da tela mesmo com incidência de luz solar e a visualização sob ângulos variados é decente, havendo pouca perda de tonalidade.

Jogar ou assistir a filmes no Xperia XZ1 é, como consequência, uma experiência muito agradável.

Software

A interface do XZ1 é praticamente a mesma que a gente encontra nos demais aparelhos Xperia lançados nos últimos meses. Há ícones próprios, animações discretas nas mudanças de tela, menus personalizados e recursos exclusivos, como o útil Modo Stamina (para poupar bateria), o Criador de 3D (para criar avatares tridimensionais) e as opções de ajustes de áudio.

Com relação ao software, o grande destaque do Xperia XZ1 é o Android 8.0 Oreo. Sim, o dispositivo já sai de fábrica com essa versão que, só para relembrar, traz promessa de atualizações mais rápidas, mais controle sobre as notificações, áudio com mais qualidade, entre outros recursos.

Xperia XZ1 - interface

Tudo funciona a contento no Xperia XZ1. A experiência com o software só não é mais interessante porque a Sony continua incluindo alguns apps duvidosos aqui, como o What’s New e o AVG Protection. São poucos, porém. A maioria dos apps próprios da Sony funcionam bem, como os players de mídia e o álbum de fotos.

Há algumas extravagâncias, mas, no fim das contas, o saldo é positivo. É interessante como o trabalho da Sony é equilibrado: a companhia consegue aplicar personalizações substanciais de software, mas sem descaracterizar o Android ou a afetar o desempenho do sistema.

Câmeras

Xperia XZ1

Eu espero que, quando a Sony resolver mudar o visual da linha Xperia, mude também as câmeras. No Xperia XZ1, elas não são ruins e, na comparação com modelos anteriores, melhoraram bastante. No entanto, dá para perceber que ainda falta refinamento. Esse refinamento é o que a gente espera de um aparelho topo de linha.

A câmera traseira tem 19 megapixels e abertura f/2,0. Essa combinação consegue registrar fotos com fidelidade de cores, inclusive em condições de baixa iluminação. Em contrapartida, pode haver mais ruído do que a gente espera para um sensor da Sony, sem contar que, às vezes, o pós-processamento remove detalhes relevantes da imagem.

Foto registrada com o Xperia XZ1

Com HDR

Com HDR

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Mas o maior problema, provavelmente, são as distorções próximas das bordas. Perceba como os pontos mais afastados do centro das fotos costumam ser borrados. Não é um detalhe facilmente perceptível e que provavelmente não irá estragar as suas fotos no Instagram, mas que mostra que alguma coisa ainda tem que ser acertada.

Na parte da frente está uma câmera de 13 megapixels, também com abertura f/2,0. A lente é grande angular, portanto, você não vai ter muito trabalho para fazer a turma toda sair na selfie. As cores são boas, os níveis de ruído estão dentro do aceitável e o pós-processamento, na configuração padrão, remove imperfeições, mas sem exagerar. É uma pena que, aqui, o problema das distorções próximas às bordas também se manifeste.

Selfie registrada com o Xperia XZ1

Hardware e bateria

Com processador Snapdragon octa-core 835, GPU Adreno 540 e 4 GB de RAM, o Xperia XZ1 dá conta de todas as tarefas sem pestanejar. Eu não notei nem uma única travadinha durantes os testes, não tive problemas com multitarefa, os apps abriram rapidamente e toda a interface rodou com bastante fluidez.

Nos testes com os jogos Need For Speed No Limits e Unkilled, não houve congelamentos ou queda na taxa de frames, mesmo com as configurações gráficas no máximo. Com a tela que tem e a capacidade de processamento, o Xperia XZ1 aparece como uma excelente opção para quem curte uma jogatina.

Agora vamos para o “mas”. O Xperia XZ1 tem uma tela menos gastona que a do XZ Premium. Essa seria uma grande vantagem em relação a este modelo se não fosse por um detalhe: a capacidade da bateria diminuiu junto com o tamanho da tela. O XZ1 tem 2.700 mAh contra 3.230 mAh do seu irmão maior.

Pontuação no AnTuTu 6.2.7, Geekbench 4.1.1 e 3DMark

Pontuação no AnTuTu 6.2.7, Geekbench 4.1.1 e 3DMark

O resultado é que a autonomia do XZ1 é, no máximo, ok. Rodei as seguintes tarefas para o teste de bateria: filme O Poderoso Chefão (2h57min) via Netflix e brilho máximo na tela, 20 minutos de Need for Speed No Limits, 20 minutos de Unkilled, uma hora de streaming de áudio (via saídas externas), meia hora de navegação via Chrome e uma chamada de 10 minutos.

No teste também considerei intervalos que, somados, deram cerca de duas horas de standby. Depois de tudo isso, a bateria do XZ1 caiu de 100% para 32%. Não está ruim, mas também não é número que empolga. O tempo de recarga, de 15% para 100%, foi de 1h50min, aproximadamente.

Se a bateria não empolga, o áudio compensa. O Xperia XZ1 tem duas saídas de som, uma acima e outra abaixo da tela. A qualidade é excelente! O áudio é estéreo, claro e não distorce nem no volume máximo, que, aliás, tem um nível bem satisfatório. Nas músicas, você consegue até notar detalhes que, normalmente, só são perceptíveis com fones de ouvido. As saídas de áudio só não reproduzem graves fortes, mas aí seria querer demais, né?

Xperia XZ1

Ah, se você estiver querendo saber se o sensor de digitais aí na lateral funciona bem, saiba que a resposta é sim. Ele faz leitura de maneira rápida. Só que existe uma limitação: se a tela estiver apagada, você vai ter que apertar o botão Liga / Desliga para o sensor funcionar, não basta simplesmente passar o dedo ali.

Conclusão

Tecnicamente, o Xperia XZ1 é um smartphone notável. O modelo é robusto, tem processador poderoso, manda bem na tela e faz bonito com o áudio. O preço sugerido pela Sony por tudo isso? R$ 3.799, como já dito (o XZ Premium tem preço oficial de R$ 3.999, só para que você possa comparar).

É aqui que mora o maior problema do Xperia XZ1. A concorrência oferece aparelhos nessa faixa de preço que são muito mais interessantes. O Galaxy S8, por exemplo, se sai melhor na câmera, no design, na tela (apesar de o visor do XZ1 ser excelente) e em outros parâmetros. O modelo foi lançado por R$ 3.999, mas não é difícil encontrá-lo por valores próximos de R$ 3.000.

Xperia XZ1

O preço do Xperia XZ1 é alto, mas fica dentro da média para um topo de linha no Brasil. Porém, enquanto nos high-end da Samsung (usando a linha Galaxy novamente como exemplo) a gente nota uma evolução expressiva em cada nova geração, na Sony, as coisas parecem funcionar à base de releituras: pegue um projeto de 2014 ou 2015, coloque um processador e outros componentes mais atuais, e tudo bem. Nessas circunstâncias, o que você escolhe?

A Sony trabalha bem o software, consegue montar um conjunto equilibrado de hardware e tem um nome forte no mundo todo. Há potencial aqui, dá para perceber isso com o XZ1. A companhia só precisa decidir ir mais longe.

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Especificações técnicas

  • Bateria: 2.700 mAh;
  • Câmera: 19 megapixels (traseira) e 13 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, GLONASS, BDS, Bluetooth 5.0, USB-C 3.1, NFC;
  • Dimensões: 148 x 73 x 7,4 mm;
  • GPU: Adreno 540;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 256 GB;
  • Memória interna: 64 GB (54,3 GB livres);
  • Memória RAM: 4 GB;
  • Peso: 156 gramas;
  • Plataforma: Android 8.0 Oreo;
  • Processador: octa-core Snapdragon 835 de 2,45 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, bússola, giroscópio, barômetro, impressões digitais;
  • Tela: IPS LCD de 5,2 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels (424 pixels) e proteção Gorilla Glass 5.

Fonte