Responda rápido: se você fosse comprar um smartphone topo de linha hoje, qual escolheria? Tenho a leve impressão de que um modelo da linha Xperia não estaria na sua lista de opções. Mas a Sony quer mudar isso com o Xperia XZ. Será que ela consegue?

O aparelho chegou ao Brasil no final de setembro com preço sugerido de R$ 3.999. Atualmente, é possível encontrá-lo com valores mais baixos, mas mesmo os descontos não conseguem tirar a sensação de “caro pra caramba” que fica no ar. Resta então saber se o Xperia XZ corresponde ao preço pedido, ou seja, se compensa pagar uma pequena fortuna por ele.

Para descobrir, eu usei o Xperia XZ como o meu smartphone principal durante alguns dias. De cara, a configuração mostra poder de fogo: processador Snapdragon 820, 3 GB de RAM, 32 GB para armazenamento interno de dados, câmera traseira de 23 megapixels e tela IPS full HD de 5,2 polegadas. Mas como esse conjunto se comporta no dia a dia? Conto as minhas impressões a seguir.

Design

O Xperia XZ tem porta USB-C

Quando o Xperia XZ foi apresentado oficialmente, vi muita gente elogiando o design do aparelho. Para ser franco, eu não me impressionei. As fotos que eu via me transmitiam a impressão de que o smartphone tinha um desenho apenas ok. Mas esse é aquele típico caso em que a beleza é mais perceptível pessoalmente.

Sim, com o Xperia XZ em mãos, eu entendi os elogios. O Xperia XZ é mesmo bonitão. Primeiro porque a traseira (não removível, devo dizer) é toda de metal, dando sensação de robustez. Já a moldura foi construída de uma forma que faz a carcaça do aparelho parecer ser uma peça única.

Xperia XZ

Segundo porque a Sony apostou em um design de bloco liso, como traços pouco ousados — as laterais, por exemplo, são apenas levemente curvadas. Essa simplificação, quando combinada com o visual metálico, dá um irrefutável ar de sofisticação que, talvez, não se manifesta muito bem em fotos e vídeos. Mas, “ao vivo”, as impressões são muito positivas, vai por mim.

Apesar disso, dá para notar algumas características que remetem aos modelos anteriores da linha Xperia, como o posicionamento da câmera traseira no canto superior esquerdo e o sempre bem-vindo botão de câmera na lateral direita.

O botão liga / desliga não é aquele circular que tão bem caracteriza os smartphones da marca, mas por uma boa razão: é nesse botão que está o leitor de impressões digitais do Xperia XZ.

Xperia XZ

A pegada é boa. A traseira é lisa, mas adere bem à mão e não deixa marcas de dedo se fixarem com facilidade — na verdade, uma marca ou outra pode fixar ali, mas discretamente. As laterais, talvez por serem apenas levemente curvadas, fazem o smartphone encaixar bem nas mãos.

Eu só achei que o Xperia XZ ficou comprido. Os espaços antes e depois da tela são um tanto “generosos”. Felizmente, não é nada suficiente para fazer o aparelho incomodar se você transportá-lo no bolso frontal da calça, por exemplo.

Xperia XZ

Tela

A Sony não costuma desapontar com a tela. Pode até haver exceções, mas não é o caso do Xperia XZ. O modelo tem um visor IPS de 5,2 polegadas — um tamanho equilibrado, nem grande, nem pequeno demais — e resolução de 1920×1080 pixels que me agradou bastante.

O nível de preto é apenas ok, mas, de modo geral, as cores são intensas sem exagerar na saturação. Ou quase: visualizando algumas fotos, por vezes, cores como vermelho e magenta pareceram estourar um pouco. Nada preocupante, no entanto.

Achei o brilho excelente. Notei níveis altíssimos nos testes, o que permitiu o uso do celular com algum conforto visual mesmo em ambientes com forte incidência de luz solar. A visualização em ângulos diferentes tem apenas uma ligeira queda na percepção de tons escuros.

Xperia XZ

Todos esses aspectos estiveram dentro das minhas expectativas, mas talvez você seja do tipo que não gosta de nenhuma otimização relacionada às cores ou, no outro extremo, aprecia tons fortes que, como tal, ressaltam bem os objetos. Em ambos os casos, você pode ir nas configurações da tela e, em Aprimoramento de Imagem, desligar a otimização ou ativar o Modo Super-vívido. Por padrão, o Xperia XZ vem com o modo X-reality (intermediário) habilitado.

Software

O Xperia XZ vem com o Android Android 6.0.1 Marshmallow (com promessa de atualização para o Android 7.0 Nougat) e uma interface que, assim como nos smartphones lançados pela Sony nos últimos meses, é leve e limpa.

Para alegria de quem defende a bandeira do Android (quase) puro, o máximo que a companhia faz é deixar os ícones com formato arredondado e inserir algumas funcionalidades, como o modo Stamina (para economia de bateria), players de áudio e vídeo, e um ou outro widget.

Puzzle Pets, Real Foot... Zzzzzz

Puzzle Pets, Real Foot… Zzzzzz

Me incomoda, porém, a quantidade de apps de terceiros que acompanham o aparelho de fábrica. Não é nada extravagante. Para ser justo, a Sony já foi pior nesse aspecto. Mesmo assim, é chato encontrar apps como AVG Protection, Amazon Shopping e demos de jogos (contei sete deles), e não poder desinstalá-los pelas vias convencionais, por mais comum que essa prática seja. Mais chato ainda quando esses aplicativos insistem em chamar a sua atenção com notificações.

Câmeras

Já vou avisando: a câmera traseira do Xperia XZ não faz imagens com qualidade equiparável às fotos do Galaxy S7 ou do iPhone 7, por exemplo. Por outro lado, é inegável que o modelo teve uma melhora perceptível em relação a topos de linha anteriores da Sony, como o Xperia Z5.

Xperia XZ

Aqui, estamos falando de um sensor Exmor RS de 23 megapixels com lente de 24 mm, abertura f/2,0 e dois complementos: um sensor RGBC-IR que usa infravermelho para analisar a cena e ajustar o balanço de branco automaticamente; e o foco por laser, que permite que a cena seja bem focalizada mesmo quando há baixa iluminação no ambiente.

De modo geral, esse conjunto faz um bom trabalho. Em ambientes bem iluminados, as imagens agradam pelo foco rápido, pela fidelidade de cores e pelo baixo nível de ruído.

Foto tirada com o Xperia XZFoto tirada com o Xperia XZFoto tirada com o Xperia XZ

Porém, prestando bastante atenção ou dando zoom na imagem, dá para perceber alguma perda de definição ou detalhes “lavados”, tudo por causa do pós-processamento. Felizmente, esse problema é muito menos perceptível do que era no já citado Xperia Z5, por exemplo.

Foto tirada com o Xperia XZ

Sem HDR

Sem HDR

Com HDR — não faz muita diferença, né?

Com HDR — não faz muita diferença, né?

Nas fotos noturnas, os resultados não chegam a ser ruins. Os ruídos estão presentes e há mais perda de definição, principalmente nas áreas mais próximas das bordas. Mas os ajustes automáticos muitas vezes conseguem amenizar esse problema.

Baixa condição de iluminação, sem flash

Baixa condição de iluminação, sem flash

Foto tirada com o Xperia XZ

Mas, às vezes, outros problemas surgem. Observe como o céu nublado na imagem abaixo ganhou um aspecto muito esbranquiçado. De qualquer forma, os detalhes estão bem perceptíveis. Complementando com o flash, provavelmente você conseguirá fazer boas fotos em uma festa à noite, em um bar, enfim.

Foto tirada com o Xperia XZ

Independente das condições, você só precisa tomar cuidado com o foco automático. Por duas ou três vezes, o recurso se “atrapalhou” e tirou fotos ligeiramente desfocadas, como se eu tivesse balançado o smartphone durante o disparo.

É claro que eu também testei a câmera frontal. Com sensor Exmor RS de 13 megapixels, abertura f/2,0 e lente grande-angular de 22 mm, o componente me agradou. O pós-processamento existe, mas não deixa o rosto excessivamente suavizado. O ruído também está dentro do aceitável e há fidelidade de cores.

Selfie tirada com o Xperia XZ

Selfie em ambiente fechado, com menor incidência de luz

Selfie em ambiente fechado, com menor incidência de luz natural e modo de suavização ativado

O único problema considerável que eu encontrei é uma perda de definição perto das bordas. Isso pode deixar as pessoas que não estiverem no centro um pouco esquisitas numa selfie de galera.

Vale dizer que o Xperia XZ passou no teste do Manual Camera Compatibility, app que verifica a compatibilidade da câmera com a API Camera2 do Android. Isso significa que é possível ter controle das funções da câmera a partir de apps de terceiros que, eventualmente, oferecem mais recursos.

Hardware e bateria

Processador Snapdragon 820 com dois núcleos Kryo de 2,15 GHz e outros dois de 1,6 GHz, GPU Adreno 530, 3 GB de RAM e 32 GB de memória interna para armazenamento de dados. Essa é a configuração básica do Xperia XZ vendido no Brasil. Modelos de outras marcas com configuração semelhante já oferecem 4 GB de RAM, mas isso não quer dizer que, com 1 GB a menos, o smartphone da Sony deixa a desejar.

O Xperia XZ suporta microSD de até 256 GB, mas a opção de usá-lo como memória interna não está habilitada

O Xperia XZ suporta microSD de até 256 GB, mas a opção de usá-lo como memória interna não está habilitada

Pelo contrário. O Xperia XZ não apresentou nenhum travamento, não demorou para abrir aplicativos, não sofreu com multitarefa, tampouco teve problemas para rodar aplicações pesadas, como os jogos Unkilled e Need for Speed: No Limits com gráficos no nível máximo.

O aparelho esquenta? Nas aplicações mais exigentes, sim, mas não é nada que frite os dedos. Pelo jeito, o problema do aquecimento excessivo dos topos de linha da Sony ficou mesmo no passado.

Pontuação no AnTuTu 6.2.1, Geekbench 4 e 3DMark

Pontuação no AnTuTu 6.2.1, Geekbench 4 e 3DMark

Quanto ao áudio, uma boa e uma má notícia. A boa é que o Xperia XZ tem duas saídas de som frontais, uma em cada ponta. Isso dá uma boa melhorada na experiência de ouvir o áudio de um filme, por exemplo. A má é que o volume máximo não é dos mais altos. A experiência só vai ser boa mesmo com fones de ouvido, como sempre.

Como você já sabe, o leitor de impressões fica na lateral. Eu gosto dessa posição. É verdade que ela dificulta o desbloqueio do sistema se o aparelho estiver sobre uma superfície, por outro lado, o sensor está posicionado em um ponto em que a gente costuma deixar o dedo: se você for destro, o polegar; se for canhoto, o indicador.

O desbloqueio é rápido. Basta pressionar o botão liga / desliga e manter o dedo ali. Quase que instantaneamente a tela será desbloqueada. A leitura da impressão não falhou nenhuma vez nos meus testes. É possível cadastrar até cinco dedos para o desbloqueio.

Xperia XZ

Já a bateria, bom, eu esperava um pouco mais dela. O componente tem 2.900 mAh. Se você executar apenas tarefas não muito exigentes, como apps de redes sociais, mensagens instantâneas e navegação web, vai chegar ao final do dia com um nível razoável de carga. Mas se você abrir apps mais pesados, vai precisar dosar o tempo de execução caso não tenha uma tomada por perto.

Eu executei as seguintes tarefas para testar a autonomia: filme O Poderoso Chefão (2h57min) via Netflix e brilho máximo na tela, 30 minutos de Need for Speed: No Limits, 15 minutos de navegação no Chrome, streaming de áudio por uma hora no Google Play Music (com a tela desligada) e cinco minutos de ligação.

Como resultado final, a carga da bateria caiu de 100% para 16%. Repeti os testes no dia seguinte e obtive 18% de sobra. Não dá para dizer que é ruim, mas há aparelhos por aí que se saem melhor no quesito bateria.

Mas o que mais me incomodou foi o tempo de recarga: levei 3h17min para fazer a carga ir de 5% para 100%. O Xperia XZ suporta recarga rápida, mas o carregador que acompanha o aparelho não vem com essa função, um pecado para um smartphone que custa tão caro.

Gerir Carga Rápida

Gerir Carga Rápida

A Sony ressalta que o Xperia XZ tem uma função de carregamento inteligente que analisa os seus hábitos para aumentar a vida útil da bateria. Se, por exemplo, o recurso perceber que você faz recarga em um horário em que o smartphone é pouco usado, o processo durante esse período será mais demorado para diminuir o risco de sobrecarga ou qualquer coisa semelhante.

Eu desativei o Gerir Carga Rápida, como o recurso é chamado, mas não notei diferença no tempo de recarga, talvez porque não houve tempo suficiente para análise dos meus hábitos.

Conclusão

Você já sabe qual é o principal problema do Xperia XZ, né? Mas eu vou dizer assim mesmo: a falta de destreza ou interesse (ou os dois) da Sony de trabalhar o custo-benefício.

De todo os smartphones high-end da Sony que eu já testei, o Xperia XZ foi, de longe, o que mais me agradou. O aparelho é bonito e robusto, a tela tem excelente qualidade e não usa uma resolução altíssima que só serve para sugar energia, e não há do que reclamar no processamento.

O modelo tem IP68, indicando que ele pode ser submerso em até 1,5 m de água por 30 minutos

O modelo tem IP68, indicando que ele pode ser submerso em até 1,5 m de água por 30 minutos

Eu não diria que a câmera é um fator que pesa na decisão de compra, todavia, o componente trabalha bem no Xperia XZ, principalmente se o compararmos com as gerações anteriores. A bateria é que dá uma boa derrapada, mas ela consegue manter o mínimo de decência.

Mesmo assim, R$ 3.999 é demais, especialmente se levarmos em conta que a concorrência tem aparelhos mais interessantes no custo-benefício por preços mais atraentes (ou “menos piores”). Nem fones de ouvido vêm na embalagem. Dá para abrir bem a carteira, mas eu tenho pouco tempo para escolher? Minha primeira opção seria um Galaxy S7.

Antes da publicação deste post, fiz uma pesquisa rápida e constatei que o Xperia XZ estava esgotado em alguns varejistas. Sinal de que tem gente que não se importa em pagar caro — até encontrei alguns descontos, mas não superiores a 10%. É por isso que a Sony mantém essa política de preços pouco competitivos. Simplesmente funciona.

Mas me consola saber que, ao menos do caso do Xperia XZ, o comprador estará levando um bom aparelho para casa, ainda que opções melhores não faltem.

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Especificações técnicas

  • Bateria: 2.900 mAh;
  • Câmera: 23 megapixels (traseira) e 13 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, Bluetooth 4.2, NFC, USB-C;
  • Dimensões: 146 x 72 x 8,1 mm;
  • GPU: Adreno 530;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 256 GB;
  • Memória interna: 32 GB (22 GB livres);
  • Memória RAM: 3 GB;
  • Peso: 161 gramas;
  • Plataforma: Android 6.0.1 (Marshmallow);
  • Processador: quad-core Snapdragon 820 de até 2,15 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, bússola, giroscópio, impressões digitais;
  • Tela: IPS LCD de 5,2 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels (424 ppi) e Gorilla Glass 4.

Fonte