Para sites e empresas de publicidade que dependem de anúncios online, 2016 foi um ano bem tenso. Um levantamento divulgado pela PageFair (PDF) mostra que o uso de ad blockers no mundo todo aumentou 30% no período. O Brasil contribuiu para as estatísticas, mas de maneira tímida: por aqui, bloqueadores de anúncios ativados foram identificados em 6% dos desktops e em 1% dos dispositivos móveis.

No total, 2016 terminou registrando 615 milhões de equipamentos com bloqueadores de anúncios ativos, com 62% destes (cerca de 380 milhões de dispositivos) representando smartphones e tablets.

Em relação aos dispositivos móveis, o uso de ad blockers é predominante na região da Ásia Pacífico: 94% dos bloqueios de anúncios registrados globalmente em 2016 vieram de lá. O destaque fica a Indonésia: ali, 58% dos dispositivos móveis têm bloqueadores de anúncio; a Índia aparece na sequência com 28%.

Na América, a situação é mais tranquila (ou menos pior). Os Estados Unidos, por exemplo, registraram presença de bloqueadores em 18% dos desktops, mas em smartphones e afins, a estimativa ficou em 1%. No Brasil, como você já sabe, o último número também é de 1%. O país da região que mais tem ad blockers ativos em dispositivos móveis é a Colômbia, com 2%.

Nos Estados Unidos, os principais motivos para uso de bloqueadores é a preocupação com a segurança (temor de anúncios que apontam para malwares) e o incômodo com as interrupções de anúncios invasivos. Já na Ásia Pacífico, os custos com acesso à internet são mais significativos para boa parte da população.

Adblock - global 2016

Esse aspecto ajuda a explicar a discrepância: em países como a Índia, bloqueadores são bastante usados para economia de tráfego de dados e melhora da velocidade em conexões que, frequentemente, não são boas.

Mas a PageFair acredita que América Norte e Europa poderão experimentar um aumento significativo de bloqueios de anúncios em dispositivos móveis se fabricantes e operadoras de telefonia começarem a distribuir aparelhos com ad blockers ativados por padrão. Bom, isso deve valer para qualquer mercado, inclusive o brasileiro.

Não há indícios de que ativação padronizada será feita massivamente, mas a PageFair dá a entender que essa é uma possibilidade que não pode ser ignorada.

O mercado está atento, de todo modo. Uma das estratégias que estão sendo utilizadas por editores em todo o mundo é a implementação de técnicas que impedem a visualização do conteúdo quando um bloqueador de anúncios está ativado. Mas parece que essa tática não tem dado muito certo: segundo a PageFair, 74% dos usuários simplesmente desistem de acessar a página quando isso acontece.

Convém, todavia, tomar cuidado com o tom alarmante do levantamento, afinal, a PageFair é uma empresa que ganha dinheiro ajudando editores e anunciantes a recuperar a receita perdida com bloqueadores de anúncios. Nesse sentido, essa “catástrofe” no mercado da publicidade online soa benéfica para ela.

Como dá para perceber, esse é um assunto que ainda vai dar muito pano pra manga.

A Internet sem Ads

030

As razões para o uso de bloqueadores frequentemente são legítimas: há anúncios que são invasivos, muitas páginas exageram na quantidade de publicidade, existem temores relacionados à privacidade, o bloqueio alivia o consumo de dados de planos móveis e por aí vai.

Mas há o outro lado: muitos sites e serviços, principalmente aqueles que fornecem conteúdo de graça, dependem dos anúncios para manter suas operações. E agora? Como equilibrar esse jogo? Discutimos o assunto no Tecnocast 030 para tentarmos descobrir. Clique no play para conferir ?

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