Para onde vai Donald Trump após ser banido do Twitter e várias outras redes sociais? A pergunta vem circulando há alguns dias, e ainda segue sem uma resposta oficial. Há diversos candidatos possíveis, como Parler, Gab, MeWe e Rumble; o presidente dos EUA também cogita criar uma plataforma própria. Mas elas conseguem durar?

Donald Trump (Imagem: Gage Skidmore/Flickr)

“Estamos negociando com vários outros sites e teremos um grande anúncio em breve, enquanto também analisamos as possibilidades de construir nossa própria plataforma em um futuro próximo”, dizia nesta sexta-feira (8) um comunicado atribuído a Trump.

O presidente possui 33 milhões de seguidores no Facebook e 24,6 milhões no Instagram; ambas as redes suspenderam o perfil do presidente até pelo menos a posse de Joe Biden. Por sua vez, a conta de Trump no Twitter tinha 88,8 milhões de seguidores antes de ser suspensa de forma permanente, além de um engajamento enorme.

“Nos últimos 30 dias, Trump tuitou 18,5 vezes por dia e obteve um total de 17,2 milhões de retweets e 79,9 milhões de curtidas”, explica Lena Young, diretora de comunicações da agência Klear, ao Los Angeles Times. “Se ele quisesse gerar os mesmos resultados por meio de mídia paga, precisaria gastar aproximadamente US$ 2 milhões por mês.”

Conta @realDonaldTrump foi banida (Imagem: Reprodução / Twitter)

Conta @realDonaldTrump foi banida (Imagem: Reprodução / Twitter)

Redes sociais alternativas vão durar?

Um dos desafios para redes sociais alternativas é atrair um número suficiente de usuários, e várias delas estão de olho em Trump para se firmarem. No entanto, ainda não está claro se isso vai agregar um valor financeiro significativo para elas, o bastante para mantê-las funcionando ao longo dos próximos anos.

Acontece que essas redes sociais querem se diferenciar pela “liberdade de expressão” e, dessa forma, acabam atraindo (e permitindo) todo tipo de conteúdo envolvendo racismo, antissemitismo e supremacia branca, além de teorias da conspiração como o QAnon.

A Voat, que nasceu em 2014 como uma alternativa ao Reddit, teve que encerrar as atividades em dezembro de 2020: ela recebia doações através de criptomoedas porque empresas como o PayPal se recusavam a processar pagamentos; e não conseguia atrair anunciantes devido ao conteúdo ofensivo. Ela sobreviveu tanto tempo graças ao apoio de investidores anônimos.

O Parler é um caso semelhante: ele foi cofundado por Rebekah Mercer, herdeira do bilionário Robert Mercer (que foi um dos principais investidores da Cambridge Analytica). Esta rede parecia ser a principal candidata a receber os apoiadores de Trump, até que seus apps foram removidos por Google e Apple; enquanto a Amazon encerrou o acesso à nuvem AWS.

A MeWe Network, Rumble e DLive são versões mais ou menos análogas do Facebook, YouTube e Twitch, respectivamente, mas com a promessa de menos moderação de conteúdo (ou “censura”). Há ainda o TheDonald.win, fórum em que se reúnem os antigos membros da comunidade r/The_Donald do Reddit, banida em junho do ano passado por promover discurso de ódio.

Parler (Imagem: Bruno Gall De Blasi/Tecnoblog)

Parler (Imagem: Bruno Gall De Blasi/Tecnoblog)

A migração de Trump para qualquer uma dessas alternativas deve trazer algumas consequências importantes. Ethan Zuckerman, professor de mídia cívica da Universidade de Massachusetts-Amherst, diz à Associated Press que isso pode fragmentar as redes sociais de acordo com a ideologia dos usuários, com públicos menores que discordam menos entre si.

Para David Kaye, professor de direito da Universidade da Califórnia-Irvine, redes como Parler e MeWe podem virar alvo de regulamentação e de ações judiciais à medida que crescem.

O Parler afirma ter mais de 12 milhões de usuários. O Gab possui mais de 1 milhão de contas; seu fundador, Andrew Torba, alega que a rede vem recebendo “tráfego recorde” desde o banimento de Trump. O MeWe, por sua vez, teria ganhado 1 milhão de usuários na semana após a eleição presidencial nos EUA.

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