O iPhone XR desembarcou no Brasil em novembro com preço de lançamento de R$ 5.199 (64 GB). Por este valor, o consumidor leva para casa um smartphone da grife Apple com tela grande, armazenamento que chega a 256 GB, câmera de 12 megapixels e a praticidade do desbloqueio sem precisar encostar em nada. Nas linhas a seguir, descubra se vale a pena comprar o iPhone XR, modelo mais barato da safra mais recente da maçã – afinal, há também o iPhone XS e o Max, este último por valor que bate na trave dos R$ 10.000.

De modo geral, podemos dizer que sim, este é um bom telefone, com potencial de agradar a muitos consumidores. Como todos os demais, traz alguns contras e muitos prós – os fashionistas, por exemplo, devem aplaudir as seis opções de cor, com os inéditos coral (que você vê neste review), amarelo e azul.

iPhone XR barato: encontre ofertas no Compare TechTudo

iPhone XR: celular tem preço a partir de R$ 5.199 (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)

Tela gigante com o nada polêmico notch

A primeira coisa que chama a atenção no iPhone XR tem a ver não com o design, que bebe da fonte do iPhone X (lançamento de 2017), mas sim com o tamanhão da tela: são 6,1 polegadas e resolução 1792 x 828 pixels. Pode reparar que a quantidade de pixels – os pontinhos luminosos que formam as imagens – é inferior ao Full HD (1920 x 1080 pixels).

Logo de cara, os outrora donos de Androids premium vão perceber uma importante queda na definição do display. Seja para ler conteúdo ou ver filmes, fica evidente que o XR é uma opção inferior a outros produtos no mercado.

A título de comparação, o Galaxy S9 Plus tem 6,2 polegadas e resolução de 2960 x 1440 pixels. Faz diferença? Sim, pois estamos falando de produtos que só saem da loja quando o cliente desembolsa muitos salários mínimos. O próprio iPhone 8 Plus, de 2017, já era Full HD. A Apple deu um passo atrás no quesito.

iPhone XR (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)iPhone XR: tela é de 6,1 polegadas (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)

O painel LCD usado pela companhia faz bonito durante a exibição de imagens estáticas e em movimento. A tecnologia fica devendo para o OLED visto nos modelos mais premium. Na prática, o iPhone XR exibe cores vibrantes e traz bom ângulo de visão – ou seja, aquilo que está na tela passa por poucas mudanças quando você não o está fitando diretamente

Também é bem-vindo o posicionamento de alto-falantes nas duas extremidades do smartphone. A qualidade de áudio vai às alturas, com músicas que enchem o ambiente e o efeito estéreo que agrada ao assistir filmes de aventura, por exemplo. Realmente dá para perceber que um carro cruzou a cena.

Ah, o notch… causador de tanta polêmica nesta indústria vital. Podemos dizer que a tal polêmica passou e que virou rotina utilizar smartphone com o recorte na parte superior. Ainda não é a melhor solução para o que a Apple defende ser um telefone “design todo tela” (olha só aquela franja preta ali em cima!), mas é o que temos para hoje. Acostume-se.

iPhone XR (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)iPhone XR: celular repete notch do iPhone X (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)

Face ID: de olho em você

O notch existe com a justificativa de abrigar a câmera de selfies e os sensores que possibilitam o funcionamento do Face ID. O sistema de biometria que leva em consideração as características do rosto do usuário está mais veloz do que nunca, com um claro progresso em relação à primeira geração, vista no iPhone X.

A experiência de uso consiste em pegar o iPhone XR de uma mesa e trazê-lo para perto de si. A tela acende automaticamente e cerca de 30 mil pontos são projetados no seu rosto (tudo isso é invisível ao olho humano). Costuma levar menos de um segundo para que o dispositivo confirme a sua identidade e libere o acesso a todos os recursos do smartphone.

A tecnologia também marca presença quando o iOS 12 preenche senhas automaticamente, quando a App Store confirma o download de um novo software ou quando o Apple Pay paga uma compra sem que você tire a carteira do bolso.

Nós nos encaminhamos para um mundo em que senhas perderão vez para sistemas biométricos. A Apple pode celebrar o pioneirismo neste campo.

iPhone XR (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)iPhone XR: celular está disponível em versões com até 256 GB (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)

Desempenho quase perfeito

Eu estive no anúncio global dos novos iPhones, em Cupertino. Os executivos da Apple fizeram questão de ressaltar o processador A12 Bionic, presente na safra mais atual da maçã. O chip utiliza arquitetura de 7 nanômetros, mais eficiente do ponto de vista energético. A miniaturização dos transístores também possibilita elevar o poder de fogo do processador: no caso do iPhone XR, o salto é de 600 bilhões de operações por segundo para 5 trilhões. Nada mal!

O iPhone XR realmente é um smartphone muito rápido para abrir aplicativos, intercalar entre os softwares mais recentes ou decidir qual objeto merece o foco da câmera. Infelizmente, porém, há gargalos: o telefone travou inúmeras vezes durante o prolongado período de testes para esta análise.

Imagine usar o telefone na rua para fazer anotações e perceber que, sem motivo aparente, a tela ficou travada, sem possibilidade de desligá-lo nem de retomar o controle. Foi isso que aconteceu comigo não uma, mas inúmeras vezes. Eu fiquei receoso de que a pane ocorresse durante uma tarefa crítica – por exemplo, ao entrar no ar no rádio, ao vivo, para milhares de pessoas. Não deveria ser assim, tendo em vista o preço e os atributos do iPhone XR.

Não há como saber quanto disso é culpa do hardware do iPhone XR e o quanto se deve ao sistema iOS 12. No entanto, as mesmas questões não emergiram ao longo das experimentações com o iPhone XS Max.

Jogos têm visual incrível no smartphone da Apple. Não ficam devendo em nada para consoles portáteis, com exceção da já mencionada resolução da tela.

iPhone XR (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)iPhone XR: jogos são reproduzidos com boa qualidade (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)

Talvez outra forma de ilustrar o poder de processamento do iPhone XR seja com a edição de fotos: seja no Snapseed, no Afterlight, no VSCO ou no Retouch, os filtros, efeitos e ajustes sempre ocorreram com velocidade quase que instantânea.

Não tenho dúvidas de que o poderoso processador A12 Bionic permitirá aos compradores deste telefone permanecer com ele por anos, ainda que, com o passar do tempo, o desempenho sofra desacelerações.

iPhone XR (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)iPhone XR: câmera traseira tem 12 megapixels (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)

Câmera monstruosa

A câmera dupla virou febre primeiro entre os telefones premium. Depois chegou aos modelos intermediários, apesar de a qualidade ser discutível. Talvez seja curioso, portanto, considerar que o produto da análise de hoje tem preço nas alturas, mas não conta com a tecnologia. O consumidor vai ficar na mão? Depende muito.

Inicialmente, é preciso destacar que a câmera do iPhone XR registra momentos do cotidiano como nenhum outro. A empresa está cabeça a cabeça com a Samsung no desenvolvimento dos melhores sensores de imagem e demais componentes do conjunto fotográfico. As fotos tiradas com o XR têm cores vibrantes e detalhes extremos – seja da grama, das folhas, das ondas do mar, dos poros das pessoas.

iPhone XR (Foto: Thássius Veloso/TechTudo)iPhone XR: fotos têm cores fiéis (Foto: Thássius Veloso/TechTudo)
iPhone XR (Foto: Thássius Veloso/TechTudo)iPhone XR: câmera tem 12 megapixels (Foto: Thássius Veloso/TechTudo)

Costumo dizer que o iPhone é sempre uma opção segura para quem quer boa câmera a tiracolo. As imagens trazem resolução de 12 megapixels, distantes do que algumas marcas chinesas prometem atualmente, é verdade. Podemos afirmar, porém, que são 12 megapixels com elevada qualidade.

Agora entra a dúvida sobre a câmera dupla. Tal qual faz o Google, a Apple também decidiu adotar tecnologias de software para realizar o popular modo retrato, em que os protagonistas da cena ficam em destaque e o fundo permanece desfocado. As pessoas adoram posts assim nas redes sociais.

iPhone XR (Foto: Thássius Veloso/TechTudo)iPhone XR: smartphone rende imagens com detalhes extremos (Foto: Thássius Veloso/TechTudo)

O iPhone XR faz um bom trabalho, mas nada se compara a ter duas câmeras propriamente ditas trabalhando em conjunto para criar o tal efeito bokeh. As fotografias feitas com o aparelho ficam um tanto artificiais. A sorte é que apenas olhares apurados (ou algum seguidor bastante cricri) devem estar preocupados com isso. Os meros mortais (eu e você) costumam babar ao ver fotografias assim.

De quebra, o telefone estreia o controle sobre a intensidade do fundo desfocado. Faz anos que a Samsung oferece o recurso e faz anos que eu cobro a mesma tecnologia vinda da Apple. Ela chegou, enfim! Recomendo evitar de colocar o ajuste lá no alto, exceto se as condições de cenário forem ideais e o usuário souber como fotografar.

iPhone XR (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)iPhone XR: é possível ajustar a intensidade do Modo Retrato (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)

Os efeitos de iluminação existem desde o iPhone X e continuam presentes nos modelos mais atuais. O usuário pode adicionar luzes de estúdio para aumentar a dramaticidade ou uniformizar o tom da pele caso esteja demasiado irregular. O resultado final depende das circunstâncias e pode ficar muito perto do que uma câmera profissional faria ou muito perto de um desastre de Photoshop. Minha única dica é passar longe dos filtros que retiram a paisagem de fundo para colocar, no lugar, a cor preta – costuma falhar em 99% das vezes.

iPhone XR (Foto: Thássius Veloso/TechTudo)iPhone XR: mesmo sem câmera dupla, smartphone conta com Modo Retrato (Foto: Thássius Veloso/TechTudo)

A câmera frontal de 7 megapixels é igualmente competente, produzindo fotos de grande qualidade, com todos os detalhes da superfície e uma particular facilidade em detectar a iluminação do ambiente. Não podemos dizer o mesmo dos efeitos de iluminação, os mesmos presentes na câmera principal. Fotos em condições de baixa luz também podem sofrer mais, visto que a lente tem abertura f/2.2.

Convém lembrar que a câmera frontal funciona em conjunto com o sensor do Face ID para gerar os Animojis e os Memojis. Os bichinhos e as pessoinhas digitais acompanham nossas feições e caretas com fidelidade, tornando-se um demonstrativo de como o olho virtual do celular está mais esperto. Ao mesmo tempo, são recursos que servem mais para mostrar aos amigos do que para utilizar no cotidiano: foram raras as vezes em que eu enviei um Memoji.

Talvez fosse o caso de a Apple aumentar a aposta nesta forma de comunicação, com direito a integração maior com os demais aplicativos de mensagens – WhatsApp, Messenger, Telegram e Skype, para citar alguns. Por ora, o recurso se reserva praticamente a quem é adepto do iMessage.

iPhone XR (Foto: Thássius Veloso/TechTudo)iPhone XR: câmera frontal tem 7 megapixels (Foto: Thássius Veloso/TechTudo)

Uma nova forma de controlar o telefone

A Apple matou o botão Home. Não há mais nenhum ícone que automaticamente leve o usuário de volta para a tela inicial. Embora a mudança tenha se iniciado em 2017, foi somente no ano seguinte que a empresa se livrou de vez de uma das marcas registradas de quando Steve Jobs encantou o mundo com o iPhone original.

Digo isto porque proprietários de gerações passadas podem levar algum tempo para se acostumar aos novos comandos. No entanto, passa a ser algo natural depois que dominamos o gesto de deslizar o dedo de baixo para cima (em qualquer tela) para voltar para a listagem de aplicativos. Há toda uma ciência por trás disso: os engenheiros da gigante tecnológica criaram um sistema de movimentos e animações que parecem seguir uma lei da física particular.

Chega a ser engraçado. Nesta vida de analista de celulares, já me peguei tentando repetir o mesmo gesto em produtos que não ostentam a maçã na parte de trás. Mico total que comprova: nos acostumamos com a tecnologia.

iPhone XR (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)iPhone XR dispensa o clássico botão Home (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)

Bateria para ficar o dia inteiro longe do carregador

Testar bateria de smartphone é sempre uma tarefa muito difícil porque cada pessoa utiliza o aparelho de uma maneira distinta. Mesmo assim, é interessante notar que, no caso do iPhone XR, não houve o medo de sair de casa e ficar em dúvida se o telefone estaria com carga após as tarefas do dia. Também não bateu a paranoia de levar o carregador na mochila caso algo desse errado.

O smartphone ficou quase 16 horas ligado ininterruptamente, com direito a música por streaming durante uma hora; exibição de vídeo online também por uma hora; redes sociais; alguns aplicativos de produtividade (em especial o Evernote); e também as habituais trocas de mensagens no WhatsApp, Twitter e similares.

Não chega a ser um iPhone XS Max, cujo nome denuncia a maior capacidade de energia. O iPhone XR figura como um smartphone premium com autonomia que deve agradar profissionais liberais, estudantes e todas aquelas pessoas que não ficam vidradas permanentemente na telinha do aparelho. Sabia que o display é o componente que mais gasta bateria?

iPhone XR (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)iPhone XR: bateria durou 16 horas (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)

3D Touch não faz falta

Mencionei anteriormente a escolha do painel LCD no lugar do OLED, o que barateou o produto. Os engenheiros da Apple também ejetaram o 3D Touch, recurso que sente a pressão aplicada pelos dedos sobre a tela. A tecnologia que vem desde o iPhone 6S costumava abrir uma prévia de alguma página da internet quando o usuário recebia o link num mensageiro. Também trazia atalhos para algumas das funcionalidades mais visadas de um aplicativo, caso a pessoa quisesse acessá-las sem passar pela interface completa do software.

Pois bem: o 3D Touch não faz falta no iPhone de preço mais baixo da geração 2018. É bem verdade que eu me peguei apertando o display com força em alguns momentos, tendo em vista o histórico de produtos da marca, mas foi rápido o processo de esquecê-lo por completo.

Conversas com clientes da Apple não costumavam passar pelo 3D Touch. Desconfio que a tecnologia pode descansar em paz para a maioria dos consumidores – ainda que marque presença nos iPhones mais caros do momento.

iPhone XR (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)iPhone XR: smartphone não conta com 3D Touch (Foto: Bruno De Blasi/TechTudo)

Veredito: vale a pena comprar o iPhone XR?

Vale sim. O iPhone XR é um bom celular com tecnologias que vimos em modelos premium da Apple no passado. Ele personifica a visão da empresa para o telefone do futuro, com display que ocupa quase que totalmente a superfície frontal. Os cantos são arredondados e o notch dispensa as bordas superior e inferior características do Galaxy S9 Plus, do LG G7 e de outros produtos da safra mais atual.

Virou lugar comum elogiar a câmera dos iPhones e não é diferente neste modelo. Há limitações de software, porém: modo retrato e efeitos de luz ainda perdem para a câmera dupla do iPhone XS e para o aparato de fotógrafos profissionais. São opções interessantes de se ter no dia a dia. Só não pense que tudo funciona automaticamente: é sempre bom conhecer a fundo o seu novo brinquedinho para tirar máximo proveito e alcançar os melhores resultados.

O processador A12 Bionic pavimenta uma estrada onde devem trafegar, no futuro, aplicações riquíssimas, com detecção dos movimentos do rosto, reconhecimento do ambiente, inteligência virtual e outros termos que dariam um bingo do mundo digital.

A maior birra tem a ver com as graves panes ao longo dos testes. Arriscaria dizer que o telefone travou pelo menos uma vez a cada 15 dias. Alguns usuários vão achar que é pouco. Eu considero inaceitável em um smartphone deste calibre. Apple, por favor, dê um jeito nisso o quanto antes.

Ficha técnica do iPhone XR 

Tamanho da tela: 6,1 polegadas
Resolução da tela: 1792 x 828 pixels
Painel da tela: LCD
Câmera principal: 12 megapixels
Câmera frontal (selfie): 7 megapixels
Sistema: iOS 12
Processador: Apple A12 Bionic
Armazenamento (memória interna): 64 GB, 128 GB e 256 GB
Cartão de memória: não
Dual SIM: sim
Peso: 194 gramas
Cores: branco, preto, azul, coral, amarelo e vermelho

Qual o melhor celular premium à venda no Brasil? Descubra no Fórum do TechTudo

 

Fonte