O Galaxy Note 8 desembarcou no Brasil há dois meses pelo preço sugerido de R$ 4,4 mil. O celular com ficha técnica mais poderosa já criada pela Samsung chama a atenção por causa do tamanho gigantesco: sua tela tem 6,3 polegadas, o que o coloca à frente numa categoria de produto – os smartphones enormes – que a companhia sul-coreana inventou, e que serviu de inspiração para outras fabricantes.
O telefone se destaca por fatores que vão além do display: câmera fotográfica e caneta eletrônica são pontos fortes do aparelho. Nas linhas a seguir, confira o review do Galaxy Note 8 e descubra qual é o cenário ideal para comprar o celular da Samsung. Com a chegada do iPhone X, mais do que nunca é preciso saber os predicados do principal rival.
Galaxy Note 8: tudo que você precisa saber antes de comprar o telefone
Tudo é tela
Foi-se o tempo em que os celulares possuíam uma carcaça robusta, porém com tela pequenina. Pode reparar: em produtos mais recentes, o display é aquilo que mais chama a atenção e ocupa a maior parcela da região frontal do dispositivo. Para chegar a este resultado, a Samsung se livrou do botão Home mecânico, posicionado logo abaixo do display. O Note 8 utiliza botões virtuais de navegação, o que dá mais espaço para ver filmes, séries e navegar no feed do Facebook ou Instagram.
A tela de 6,3 polegadas é gigantesca e imersiva, além de contar com bordas curvas. Não poderia ser diferente: aqui temos o formato 18:9, uma novidade que apareceu na indústria neste ano, primeiro em um smartphone da LG. O display ficou mais comprido, com uma proporção que chega mais perto daquela encontrada na sala de cinema. Por isso mesmo, podemos dizer que a experiência de assistir a filmes no Note 8 é cinematográfica.
A ficha técnica do Galaxy Note 8, recheada de especificações, está no fim deste artigo. Corra para lá se você é fã das specs. Logo de cara, destaco a resolução de 2960 x 1440 pixels. Na prática, são mais de 4 milhões de pontos brilhantes de alta qualidade que auxiliam na composição das imagens.
O painel em Super AMOLED é capaz de gerar cores extremamente vibrantes, que parecem sair da tela. Por outro lado, é indiscutível que os telefones da Samsung extrapolam quando o assunto é saturação das imagens: aquelas mesmas cores lindas nas cenas visualizadas a partir do novo Galaxy Note raramente são vistas da mesma maneira na natureza.
Há muita discussão sobre este tema no setor de tecnologia, principalmente porque a Apple aposta em cores fiéis à realidade na linha de celulares mais recente (iPhone 8, iPhone 8 Plus e iPhone X). Virou uma questão de gosto.
Com milhões de pixels e uma telona, sobra espaço para aplicativos. Aqui entra a importância usar o sistema Android, criado pelo Google, porém com incrementos importantes made in Coreia do Sul. Por exemplo, a possibilidade de ajustar para que dois apps fiquem abertos simultaneamente traz avanços no já antigo conceito de multitarefa.
Jornalistas podem abrir o YouTube na janela de cima e o Twitter na janela de baixo para visualizar comentários em tempo real de uma transmissão ao vivo. Contadores podem exibir um PDF com orientações técnicas em cima e a planilha do Excel na parte de baixo. Professores podem abrir o e-book em cima e o bloco de notas do Evernote embaixo. São muitas as combinações.
Grande demais?
É necessário uma tela tão grande? Esta é a dúvida que fica, depois de passar dois meses usando o Galaxy Note 8, e antes disso ter uma experiência positiva com o Galaxy S8 (com 5,8 polegadas ou 6,2 polegadas no modelo Plus). A ergonomia entra em xeque principalmente por causa do acesso mais difícil aos botões e menus que ficam no topo da tela.
No meu caso particular, passei a sentir leves dores no polegar, o que foi diagnosticado como um princípio de tendinite, um tipo de inflamação. Não estou dizendo que é algo generalizado, e muito menos que você também vai passar por isso, mas é algo para ter no radar.
Outra desvantagem da tela grande diz respeito à resistência. Tome como exemplo o Note 8, cujo vidro tanto na parte da frente quanto na parte de trás passou pelo tratamento previsto no padrão Gorilla Glass 5 para ficar mais resistente a impactos e arranhões. Trata-se da certificação mais avançada da indústria.
Ainda assim, o Galaxy Note 8 utilizado neste review ficou com o display rachado depois de uma queda de aproximadamente meio metro – o que normalmente seria visto como um choque inofensivo.
De acordo com Felipe Marchese, presidente da rede de assistências técnicas Conserta Smart, o display maior faz com que a área suscetível a impactos também aumente. A situação fica ainda mais complicada porque, segundo ele, o custo para trocar telas de celulares da Samsung está entre os mais caros. A título de comparação: substituir o display do Galaxy S7 (do ano passado) sai a R$ 990. O mesmo serviço, mas para o Galaxy S7 Edge, com tela de bordas curvas, fica por R$ 1.590.
Também consultei a Samsung sobre a questão. A empresa disse que não há nada definitivo que comprove que as telas com bordas curvas dão mais problema que as telas planas e ressaltou que depende muito de como o Note 8 caiu no chão. No entanto, depois de anos fazendo reviews de celulares, posso afirmar com alguma tranquilidade que o cenário não é o ideal. Se você não acredita em mim, dê uma olhada nas queixas de consumidores que compraram smartphones com display curvo na plataforma Reclame Aqui.
Dual camera de 12 megapixels
O Galaxy Note 8 é o primeiro celular da Samsung com câmera dupla. Apesar do termo em inglês, parece que a versão original – dual camera – vem fazendo sucesso entre o público brasileiro. O que isso quer dizer? Na prática, o smartphone conta com duas lentes na parte de trás, cada uma com um sensor diferente dedicado a capturar as imagens.
A lente teleobjetiva é aquela que estamos acostumados a ver em todo lugar. Ela já existia nos telefones. A novidade fica por conta da grande angular, um tipo de lente que trabalho com o ângulo maior (conforme o nome sugere) para fotografar uma porção maior da cena. Sabe os belos vídeos em action cams como a GoPro? Eles se popularizaram por causa da grande angular.
Este ano de 2017 esteve repleto de celulares com câmeras fantásticas, e o Note 8 entra nesta lista. As fotos feitas com ele têm 12 megapixels. Não é nenhuma enormidade, mas foi-se o tempo em que se media a qualidade de uma câmera só pela resolução do arquivo final.
Estamos falando de um produto que se sai bem tanto em ambientes bem iluminados quanto em condições de baixa luz, como em eventos à noite. O Note 8 tira de letra em todos estes cenários. Tão bem que, durante o período de testes, eu dispensei o uso da câmera profissional DSLR e passei a usar o smartphone para fotos em coberturas jornalísticas importantes, como o lançamento do rival iPhone 8 Plus ou a feira de eletrônicos de Berlim.
Se você busca um telefone que não vai te deixar na mão quando o assunto é foto, o Note 8 é uma das primeiras escolhas. Ele entrega tudo o que promete e até surpreende neste quesito. Dá até para ajustar o telefone para que ele fotografe simultaneamente com as duas lentes, e depois o usuário decide qual delas vai postar na rede social. Muito prático!
Por outro lado, os sul-coreanos ainda precisam comer feijão com o arroz quando o assunto é o recurso mais visado em dispositivos dual camera, o tal do modo retrato. Ele se popularizou quando a Apple anunciou o iPhone 7 Plus, no ano passado, e mostrou fotografias em que o personagem principal fica em destaque e o restante da cena permanece desfocado. Chamado oficialmente de efeito bokeh, ele rapidamente inundou os feeds e Stories.
O Note 8 até tenta, mas não consegue resultados satisfatórios com esta tecnologia. O problema mais comum é a dificuldade de o software compreender o contorno das pessoas, o que resulta em fotos distorcidas em que fica evidente que deu algo errado.
O modo retrato funciona bem quando há bastante luz e quando a paisagem de fundo está mais distante. Por exemplo, um passeio no parque em um dia de sol, com árvores ao fundo, pode levar a belas imagens. Já em fotografias do dia a dia, como os seus familiares na cozinha, em um almoço de domingo, podem se tornar experiências traumáticas.
O iPhone 7 Plus e o iPhone 8 Plus estão mais avançados, sem sombra de dúvida.
A câmera frontal de 8 megapixels produz excelentes imagens. Não há o que criticar, até porque a abertura f/1.7 possibilita a leitura de mais luz, o que na prática torna o telefone imbatível para selfies durante a noite.
Aqui vale uma recomendação: lembre de reduzir o efeito ou desativar o modo embelezamento, pois dá na cara que o rosto passou por um processo digno de figurar entre os bonecos de cera que são a marca registrada das casas de Madame Tussauds.
A gravação de vídeos ocorre conforme o esperado, com imagens em altíssima resolução (4K) e estabilização que torna as suas filmagens menos tremidas.
Mais produtividade com a caneta eletrônica
A linha de celulares Note tem como diferencial a caneta eletrônica S-Pen – o item também é chamado de caneta stylus, uma herança dos legendários Palmtops. A safra 2017 trouxe gratas surpresas, pois o acessório ficou mais preciso e também ganhou resistência à água (acidentes acontecem e sabemos disso!).
O Note 8 possui um compartimento secreto para guardar a S-Pen, então não há a necessidade de levar o apetrecho na carteira ou no bolso. Ele se torna uma companhia interessante principalmente para profissionais que trabalham com a gestão de informação. Tomar notas manuscritas, por exemplo, possibilita rapidez ao ejetar a caneta e começar a escrever, sem a necessidade de ligar a tela ou abrir um app específico para este fim.
Talvez seja necessário algum tempo para se adaptar novamente a esta forma de escrita, mas o resultado tende a agradar. O celular até conta com um app que detecta o movimento dos traços e converte tudo em um GIF, para mandar mensagens divertidas para os amigos. A tecnologia certamente faz parte do material de marketing da Samsung. Confesso que eu usei o recurso duas ou três vezes, no máximo. De toda forma, a opção está aí.
Ao retirar a caneta do compartimento, o Note 8 oferece um leque de botões virtuais. Nós destacamos a ferramenta de seleção, que facilita na hora de copiar trechos ou parágrafos inteiros do texto que está em exibição na tela. Um amigo jornalista disse que usa a função para separar informações importantes que ele lê em portais como G1 ou O Globo, e que depois precisam de uma segunda apuração. O processo de copiar e colar ficou mais fácil com a S-Pen do que naquela tentativa e erro usando os dedos para manipular a seleção.
A S-Pen também funciona bem para descobrir a tradução das coisas. Ao abrir a edição online do Süddeutsche Zeitung e constatar que os meus conhecimentos de alemão estão enferrujados, eu rapidamente saquei a caneta e selecionei com facilidade os trechos que causaram dúvida. A tecnologia da Samsung tem como base o dicionário do Google e possibilita checar tanto palavras quanto frases inteiras.
Por fim, a S-Pen deve ser considerada por quem faz anotações em documentos que saem para revisão e por quem utiliza planilhas, visto que o risco de esbarrar em alguma célula e mudar as informações tende a ser menor.
A pergunta que fica é a seguinte: na sua atividade profissional, você acredita que a caneta eletrônica faria alguma diferença? Os benefícios desta tecnologia são reais, mas só você pode dizer se eles elevariam a sua produtividade.
Muita velocidade
O Galaxy Note tem os mais avançados componentes eletrônicos disponíveis no mercado internacional. O processador de 8 núcleos e a memória RAM de 6 GB garantem um desempenho dentro do esperado para um produto que eu coloco dentro da categoria dos supercelulares.
O sistema Android, aqui na versão 7.1.1 Nougat, continua sendo o calcanhar de Aquiles da Samsung. Por mais que a companhia se esforce para reunir o melhor hardware, às vezes o sistema criado pelo Google fica ligeiramente mais lento. Por exemplo, ao abrir o aplicativo do Twitter e na sequência tentar postar uma foto. Ao rolar por muitas imagens, as miniaturas levam alguns instantes para aparecer. Não chega a ser lento nem se passam vários segundos, mas deveria ser instantâneo.
Este comportamento foi percebido em alguns momentos. Claro que está longe de ser uma questão maior, mas é digno de nota. Outros celulares Android passam pelo mesmo problema, que parece ser crônico do sistema. Recentemente, até mesmo a Apple, cujo iPhone sempre se gabou de explorar bem a combinação de hardware e software, passou a apresentar engasgos de sistema – vide o desastroso iOS 11, lançado em setembro.
O Android da Samsung, chamado de TouchWiz ou de Samsung Experience, está visualmente agradável. Os ícones todos ficaram mais bonitos e a central de ajustes ficou elegante. Neste ponto não há o que criticar. Está à frente de parte da concorrência, e em termos de apuração visual disputa bem com os mais recentes celulares Sony Xperia.
E a bateria? O quesito que no ano passado retirou do mercado o Galaxy Note 7 está presente e faz bonito: podemos dizer que dura um dia inteiro de trabalho. Nos nossos testes, o Note 8 saiu da tomada às 9 da manhã e chegou ao 0% às 11 da noite. Durante este período, a gente utilizou o aplicativo da Netflix para assistir a vídeos por 50 minutos e também reproduziu música pela Internet.
A Samsung oferece um modo de economia de economia de energia que desativa a comunicação de alguns apps com a Internet e também para alguns processos menos importantes do sistema. Somente isso dá sobrevida de mais duas horas. Caso o usuário precise de mais, ainda tem a opção de habilitar o modo drástico de economia de bateria, aquele que basicamente transforma o smartphone em um celular básico, para fazer telefonemas e consultar informações simples na rede 4G/3G/Wi-Fi.
Vale lembrar ainda que a recarga rápida garante quatro horas de uso depois que o telefone passa 15 minutos ligado no tomada. Já a recarga sem fio pode ser uma conveniência a mais: depois de comprar o acessório, basta repousar o Note 8 sobre ele para que a bateria seja abastecida novamente.
Se o Galaxy Note 8 é bom? Eis o resumo da ópera
O Galaxy Note 8 é um excelente smartphone. Ele entrega praticamente tudo o que promete: desempenho, funcionalidades extras, câmera, tela e bateria. Os engenheiros da Samsung realmente fizeram um bom trabalho e aprenderam a lição diante do fracasso do modelo do ano passado.
Os fãs da linha Note e os adeptos da S-Pen certamente farão bom uso da nova geração da família, e para este público a compra é mais do que recomendada. Não seria diferente, até porque a fabricante realizou progresso em cima de uma categoria de celular muito específica (com tela grande e caneta), cujo reinado é dela faz tempo. O upgrade em relação ao Galaxy Note 5, o último vendido no Brasil, é uma decisão inteligente.
A conversa agora é com quem pensa em comprar um Note 8, mas não é necessariamente um antigo apaixonado pelos telefones da linha. Sejamos francos: este Galaxy custa caro, com preço na casa dos R$ 4,4 mil. Por isso, a nossa indicação do modelo vai para quem realmente pensa em dar um gás na produtividade e pretende usar o smartphone como ferramenta de trabalho. A S-Pen traz uma enxurrada de novas funcionalidades.
Se este não é o seu caso, pode ser uma boa ideia checar o nosso review do Galaxy S8. Lançamento do primeiro semestre, o telefone da linha S não tem todas as possibilidades de produtividade da S-Pen, mas entrega desempenho igualmente excelente. Dá até para escolher entre o modelo menor, o Galaxy S8 com 5,8 polegadas, e o modelo maior, o Galaxy S8 Plus, com display de 6,2 polegadas.
A diferença entre eles é mínima: 6,3 polegadas contra 6,2 polegadas. No restante da ficha técnica, as únicas mudanças realmente notáveis são a dual camera e a memória RAM. Para o primeiro ponto, esta análise deixa claro que ter a câmera dupla ainda não é um diferencial astronômico, tendo em vista a dificuldade de produzir fotografias convincentes com o foco dinâmico. Para a questão da memória RAM, convém lembrar que a Samsung anunciou uma edição turbinada do Galaxy S8 Plus com 6 GB de RAM.
Não me entenda mal: o Galaxy Note 8 faz bonito. O “problema” é que o Galaxy S8 também faz, e por um valor menor.
Ficha técnica – Samsung Galaxy Note 8
Especificações | Galaxy Note 8 |
Data de lançamento | Outubro/2017 |
Preço de lançamento | R$ 4.399 (64 GB) e R$ 4.799 (128 GB) |
Preço atual | R$ 4.399 (64 GB) e R$ 4.799 (128 GB) |
Tamanho da tela | 6,3 polegadas |
Resolução da tela | 2960 x 1440 pixels |
Processador | Octa-core de até 2,35 GHz |
Memória RAM | 6 GB |
Armazenamento | 64 GB ou 128 GB |
MicroSD | Sim – até 256 GB |
Sistema operacional | Android 7.1.1 Nougat |
Bateria | 3.300 mAh |
Câmera traseira | Dupla de 12 MP |
Câmera frontal | 8 MP |
Dimensões e peso | 162,5 x 74,8 x 8,6; 195g |
Cores | Preto |
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