Ace Combat 7 é o novo capítulo da famosa franquia de combates aéreos para PS4, Xbox One e PC. O título chega na atual geração apostando em um enredo complexo, gráficos de ponta e uma jogabilidade que mescla elementos de simulação com arcade. Confira o review completo:
Enredo complexo, mas que entretém
Engana-se quem acha que Ace Combat 7 traz uma simples história cujo único pretexto é colocar aviões em batalhas aéreas. Pelo contrário, o game traz um enredo complexo – em determinados momentos até muito confuso – que faz com que o jogador se sinta interessado em diversos momentos, sem a necessidade de correr todas os diálogos e cenas de animação.
Em um fictício mundo de Strangereal, em pleno 2019, um conflito mundial é iminente. De um lado a Federação de Osea, e do outro o Reino de Erusea que, após desenvolver um verdadeiro exército de drones, busca o controle completo do Elevador Orbital, um complexo que utiliza a energia solar como grande recurso para seu povo.
Achou confuso? Acredite, a coisa só piora ao longo do jogo, com diálogos um tanto complexos, principalmente para quem joga a franquia pela primeira vez. Mas, curiosamente, mesmo parecendo uma junção de novela mexicana com Terceira Guerra Mundial, o enredo tem seus pontos altos. E um deles diz respeito a forma com que tudo isso é apresentado ao jogador, sempre com muitos recursos visuais e cenas de CGs – nas quais eu dou mais detalhes ao longo do texto.
Em resumo, o enredo de Ace Combat 7 é como aqueles filmes de ficção científica que assistimos apenas pelas cenas de ação, sem se importar em entender a história e saber se ela faz sentido ou não.
Modo Campanha intenso e Multiplayer viciante
O principal modo de Ace Combat 7 é o Campanha, onde é apresentado todo o enredo citado acima aliado a uma série de missões. Por se tratar de um jogo com um objetivo bem claro, o modo até consegue apresentar atividades variadas, como proteger um determinado aliado, perseguir um alvo, entre outras. Porém, basicamente todas elas tem a finalidade de abater alvos com a sua aeronave, sejam eles no ar, no mar ou na terra.
A cereja do bolo fica por conta de elementos de RPG inseridos de uma forma bem sutil no jogo. A cada missão completada, você adquire pontos que podem ser trocados por novas naves, armas, peças e outros tipos de personalização. Isso acabou me instigando a jogar cada vez mais no intuito de obter sempre um modelo maior ou um arsenal ainda mais poderoso, ou deixar o lado nostálgico fluir, adquirindo modelos históricos mais antigos.
Ace Combat 7 também traz um divertido modo Multiplayer. Nele, você pode optar entre os seguintes tipos de partidas:
Batalha Real – Todos os jogadores batalham contra si. Vence quem alcançar 100 mil pontos primeiro.
Mata-mata em Equipe – Todos os jogadores são divididos em duas equipes. Vence a que atingir 250 mil pontos primeiro.
Durante os testes, não foi difícil encontrar sala e jogadores para completar as partidas. Porém, foi possível notar um lag bastante alto que desfavorece demais nos combates. E, assim como no Modo Campanha, há a possibilidade de personalizar as suas naves, Entretanto, a pontuação é distintas para os dois modos, ou seja, os pontos que você consegue no Multiplayer não é possível utilizar no Campanha e vice versa.
Voar nunca foi tão fácil e divertido
Infelizmente, nunca pilotei um avião de verdade, mas em comparação com outros títulos do gênero, posso dizer que Ace Combat 7 não chega para ser um simulador ultra realista. Pelo contrário, suas raízes ainda são voltadas para uma jogabilidade mais arcade, ou seja, não há tanta complexidade para realizar manobras, atirar e fugir de mísseis inimigos. Basicamente funciona como um game de corrida nos mesmos moldes, onde é preciso apenas fazer curvas sem se importar com a freagem correta ou desaceleração no tempo correto.
Com isso, é um tanto macio mover sua aeronave pelos ares, principalmente para realizar manobras mais ousadas como voos rasantes ou outras acrobacias aéreas para desviar de mísseis em sua direção. Ao mesmo tempo em que é um tanto complexo acertar seus oponentes com armas de mira manual, fazendo com que os mísseis teleguiados sejam a grande ferramenta do jogo.
Ainda sobre o sistema de mira, ele se mantém quase o mesmo das primeiras versões. Claro que sempre há espaço para uma melhorada pontual, e no caso de Ace Combat 7, fica por conta da forma com que você utiliza determinadas armas. A personalização citada mais acima é a grande responsável, já que com ela é possível determinar uma estratégia diferente para cada missão, criando um elemento inédito na série. Por exemplo, você pode optar por ter um arsenal repleto de misseis que causam um estrago enorme, mas que exige uma mira mais precisa da sua parte, ou optar por disparos teleguiados que causam menos estragos.
E sobre a variação de aeronaves, elas não ficam apenas à parte estética do game. Há uma grande diferenciação sim, principalmente no quesito velocidade e condução. Particularmente, gostei mais dos modelos de pequeno porte que me possibilitaram fugir de uma forma mais fácil dos disparos dos oponentes. Mas há outros jatos mais robustos que são verdadeiras máquinas de guerra, porém, lentos como um bloco de concreto com asas. Cabe ao jogador optar pela nave na qual ele se adapta melhor, afinal, gosto não se discute!
Lá de cima tudo é tão belo…
E para quem jogou os últimos títulos da franquia como eu, o visual de Ace Combat 7 causa um grande impacto à primeira vista. É impossível não se impressionar com a evolução da sua parte visual em comparação ao último game da franquia, Ace Combat Infinity, lançado em 2014 para PlayStation 3.
Agora as aeronaves estão muito mais detalhadas, tanto na parte externa quanto na parte interna, fazendo com que fique mais fácil distinguir os tipos de jatos que sobrevoam os ares. Também achei muito legal o detalhamento de danos, e até mesmo problemas ocasionados pelo tempo, como ferrugem e má conservação, de modelos mais antigos, o que ampliam a sensação de estar mesmo no controle de um avião.
Durante os combates, os efeitos climáticos ajudam a criar toda uma atmosfera mais pesada para o confronto contra seus adversários. Para ser mais explícito, a fumaça em excesso no ar faz com que você perceba que é uma batalha mais árdua, ao mesmo tempo em que missões de proteger seus aliados tem um clima mais ameno com um belo pôr do sol que chega a incomodar em determinadas posições de voo. Dessa forma, posso garantir que é preciso ter cuidado não apenas com seus inimigos, mas também com esses elementos que chegam para atrapalhar sua vida, como nos momentos em que “gelei” junto com minha aeronave quando ela começou a congelar devido ao tempo e altitude.
As animações que explicam a história também merecem elogios. Por mais que o enredo seja uma confusão enorme em muitos momentos, foi quase impossível correr as cenas de CGs graças ao incrível trabalho de realismo e dramaticidade com que elas conseguem passar ao jogador.
E tudo isso fica ampliado na versão para computadores. Durante os testes, em um PC Gamer munido de uma GeForce 1080TI, foi possível ver o quanto fez bem para a franquia ser levada também para a plataforma, já que até o seu sétimo capítulo, apenas os consoles recebiam a série. Se você é um órfão de games como Flight Simulator, a simulação pode não ser a mesma em relação a jogabilidade, mas o visual é de impressionar.
Mas, como nem tudo são flores, há alguns pontos na parte visual que merecem um puxão de orelha. O primeiro deles é um problema que se arrasta desde os primeiros games da franquia: a falta de cuidado com elementos terrestres. É tudo muito bonito lá de cima, porém, basta aproximar a sua aeronave do solo que é possível notar a falta de cuidado com os elementos que compõe o cenário in solo. Desde caminhões que parecem de papelão, até árvores que parecem enfeites de Natal, é impossível não se incomodar com o desleixo gráfico com esses elementos.
Se antes a “desculpa” era a falta de capacidade técnica para desenvolver tantos elementos, com os hardwares de PCs e consoles da atual geração, não há justificativa. Torço para que em futuros capítulos da franquia essas arestas sejam aparadas e que o Fantasma da Terra Sem Capricho, seja exorcizado.
A experiência com o PlayStation VR é incrível!
Curiosamente, um dos principais atrativos de Ace Combat 7 é justamente a sua compatibilidade com o PlayStation VR, o óculos de realidade virtual da Sony. Digo curiosamente, pois nos atuais dias, há cada vez menos títulos que buscam investir no acessório, o que faz com que muita gente (inclusive eu) acredite em um próximo fim de vida para o mesmo.
Essa compatibilidade chega como um modo totalmente a parte da Campanha e Multiplayer. Ele traz missões menos complexas onde a real intenção é justamente passar a sensação de estar dentro da cabine da aeronave pilotando-a de uma maneira que não cause tantos desconfortos, como a necessidade de se movimentar rapidamente a todo momento e, consequentemente, sofrer com enjoos.
Os gráficos também não são tão reais quanto dos modos convencionais, mas mesmo assim conseguem transpor o realismo de se pilotar uma nave desse porte. Destaque para os efeitos de luz e sombra que chegam a reproduzir os raios solares um tanto incômodos em seus olhos e a possibilidade de olhar para os lados e ver os danos nas asas do jato.
Particularmente tenho muita dificuldade em jogar títulos específicos para o PS VR por mais de 30 minutos sem sentir desconfortos. E posso garantir que a experiência de Ace Combat 7 é tão divertida quanto suave em relação a isso. Talvez o único problema seja para os jogadores que sofrem com vertigem e se sentem incomodados de estar simulando um voo solo quase na estratosfera.
Conclusão
Ace Combat 7 agrada não somente os fãs da franquia, mas também os milhares de orfão de um gênero quase esquecido nos consoles da atual geração. Com gráficos de ponta e uma jogabilidade bem balanceada entre a simulação e o arcade, o game faz com que você gaste horas e horas em combates aéreos embalados por uma incrível trilha sonora (sem Danger Zone). Para ser perfeito e entrar na galeria de games do ano, a franquia só precisa sanar de vez a falta de detalhamento de partes do cenário e criar uma dinâmica para que o jogo não seja basicamente voar e tentar derrubar seus inimigos.