Com uma vasta gama de aplicações, conseguimos ver que a realidade virtual não agrega só ao setor de games. Este estudo da Duke University, da Carolina do Norte (EUA), é mais um exemplo de que a tecnologia e a medicina andam de mãos dadas.
Por meio de várias combinações de tratamentos para a paraplegia, como interfaces cérebro-máquina, exoesqueletos e realidade virtual, os pesquisadores conseguiram resultados “sem precedentes” no tratamento, como uma recuperação relativamente rápida em pacientes que estavam paralíticos há décadas.
O projeto, derivado do Walk Again Project baseado em São Paulo, foi conduzido com oito pacientes que passavam pelo menos duas horas por semana com dispositivos controlados por sinais emitidos pelo cérebro que eram ligados a um ambiente envolvido na realidade virtual.
Com a tecnologia, os pacientes começaram a estimular o cérebro a reaprender o movimento de membros que já estavam paralisados há um tempo. “Basicamente, o treinamento reinseriu a representação dos membros inferiores no cérebro dos pacientes”, explica o diretor do projeto e neurocientista Miguel Nicolelis.
Um ano depois, 50% dos pacientes tiveram uma recuperação tão significativa que seu diagnóstico foi elevado de paralisia completa para paralisia parcial. Uma delas, identificada como paciente 1, tem 32 anos e vive com paraplegia há 13 anos. Em apenas 13 meses de treinamento, ela conseguia já mover suas pernas voluntariamente e andava com ajuda de um cinto. Veja o progresso no vídeo abaixo:
Por mais que pareça muito tempo, são avanços bem significativos. A paraplegia — assim como a tetraplegia — ocorre quando a medula espinhal sofre algum tipo de lesão que interrompe a passagem de estímulos nervosos. Isso pode acontecer por tumores e infecções (congênita) ou por acidentes com veículos e quedas de grandes alturas (adquirida).
Como aponta Nicolelis, “um estudo anterior mostra que uma boa parte dos pacientes que são diagnosticados com paraplegia completa ainda tem alguns nervos espinhais intactos. Esses nervos podem passar despercebidos por muitos anos já que não há sinal do cortex aos músculos”. Com a interface cérebro-máquina, esses nervos conseguem ser “reativados”.
Depois do treinamento e da reativação dessas conexões, os pacientes conseguiram ficar menos dependentes da realidade virtual e seguiram com uma terapia em equipamentos mais desafiadores, que requerem maior controle sobre a postura e equilíbrio. Alguns até treinaram com exoesqueletos.
Todos esses oito pacientes continuam a reabilitação há uns dois anos. Como a maioria já havia adquirido a paralisia há muito tempo, Nicolelis também quer testar esse tratamento com pacientes que sofreram lesões na medula espinhal em um período mais recente, para ver se o tratamento mais rápido pode levar a resultados ainda melhores.
Com informações: Engadget.