Terminou ontem a primeira temporada de O Mandaloriano (The Mandalorian), primeira série de TV live action do universo Star Wars, e a minha animação é a mesma do Baby Yoda acima, pra mim foi uma das melhores surpresas que Star Wars me deu nos últimos anos, desde pelo menos a temporada final de Star Wars: Rebels (Rogue One veio antes).
A melhor parte de O Mandaloriano é que ao contrário dos filmes da Lucasfilm em sua era pós-aquisição pela Disney, ele não precisa unir e dar término a várias narrativas, só precisa contar a sua história, uma por semana, sem maiores pretensões quanto ao futuro da saga.
Por mais que a série tenha sido o maior atrativo do lançamento do Disney+, a pressão nos ombros do showrunner e escritor principal Jon Favreau é bem menor do que a enfrentada por J.J. Abrams no Episódio IX, filme do qual eu gostei, apesar de alguns furos (leia minha resenhas com spoilers e sem spoilers aqui).
A verdade é que Favreau não precisava entregar um sucesso tremendo nos cinemas como foi Rogue One, e nem correr o risco de flopar e não render o esperado, como o filme do Han Solo, ou seja, a aposta era menor, assim ele pode fazer a série que imaginava, algo que lembra mais Lobo Solitário do que Star Wars propriamente dito, e isso é ótimo, pois soa muito original.
Apesar da primeira temporada ter sido formada por episódios independentes, a narrativa do Baby Yoda serviu como principal motivador para as ações do protagonista. Aliás, Baby Yoda não, A Criança, como a Disney prefere que a gente chame.
Pra quem assiste um episódio ou outro, pode achar que a série é meio superficial, tipo “um monstro da semana”, mas existe algo de profundo rolando, que é justamente a relação de amor e dependência estabelecida pelo Mandaloriano (que finalmente tem seu nome e origem revelados no último episódio) e a criança Jedi, um sentimento recíproco nascido da gratidão de um ter salvo a vida do outro.
Para Mando, que também era um órfão, a segurança do pequeno bebê da ainda não nomeada raça do Yoda se torna a grande justificativa de sua existência, e para protegê-lo ele será capaz de enfrentar qualquer obstáculo. O pequeno e adorável ser verde também é bem capaz de se defender sozinho, mas felizmente está quase sempre muito bem acompanhado para não ter que fazer isso.
Apesar de Kuill (Nick Nolte) ter morrido no penúltimo episódio, Mando está muito bem acompanhado por Gina Carano e Carl “Apollo Creed” Weathers, que além de excelentes coadjuvantes nas cenas de ação, ambos com ótimas cenas interagindo com Baby Yoda. Quem tem amigos como Carl Weathers e Gina Carano tem tudo, meus amigos!
Tá, ao longo da temporada, alguns personagens apareceram bem pouco, mas no final das contas, a maioria deles teve seu valor e sua justificativa.
Outro que rouba a cena e morre no final (mais uma vez e dessa vez infelizmente de forma definitiva) é IG-11, dublado pelo diretor do episódio, Taika Waititi. IG-11 usa seu protocolo de auto-destruição para tirar um monte de stormtroopers do caminho dos heróis.
A cena na qual IG-11 se sacrifica para salvar seus companheiros é bem emocionante, mas também dá uma tristeza do personagem tão querido (eu tinha um bonequinho dele quando era criança na minha coleção SW) ir embora, mas é claro, algum novo dróide vai aparecer para perturbar a vida de Mando na próxima temporada. Por falar em dróides, no flashback que conta a sua origem, vemos por qual motivo Mando tem horror a robôs, seus pais foram trucidados por eles, antes dele ser salvo elos mandalorianos.
O episódio final tem 46 minutos, e é maior do que a média da temporada, e além do backstory citado acima, isso se explica por um grande motivo, a introdução de um belíssimo vilão, vivido por Giancarlo Esposito, o eterno Gus Fring de Breaking Bad, aqui como um autêntico Sith, com direito a uma capa preta e até mesmo um sabre de luz negro que eu nunca tinha visto igual e achei sensacional.
Não tem como esquecer de seu vilão de Breaking Bad, e nem esse é o objetivo dos criadores da série, o personagem é um malvadão que funciona muitíssimo bem, e tem um potencial imenso, e nos deixa bem animados para a próxima temporada, que deverá mostrar a busca pelo planeta natal de Yoda.
A temporada relembrou não só um Western, como o Cardoso disse em sua resenha lá no MB, mas também os melhores episódios de ficção científica, com uma missão diferente por semana. trilogia clássica e nos mostrou o quanto o humor é parte importante de toda essa saga espacial. É uma série que não tem vergonha de beber direto na fonte, e parece estar em outra Galáxia, bem distante do que tem sido feito no cinema.
Não me entenda errado, eu gostei de A Ameaça Fantasma, Os Últimos Jedi e A Ascensão Skywalker, no final das contas acho que a trilogia se justificou e deu um final digno para vários personagens, apesar de não todos, mas o que Jon Favreau e sua equipe fizeram na telinha merece os meus aplausos, isso pra não falar na criação do Baby Yoda, um dos personagens mais amáveis e fofos que eu já vi (reconheço que sou suspeito pra falar pois tenho o Yoda com seu sabre de luz tatuado no braço).
A única tristeza em relação a O Mandaloriano é que a série ainda vai demorar um pouquinho pra voltar. Jon Favreau avisou que O Mandaloriano volta no Disney+ no outono dos Estados Unidos, ou seja, podemos esperar a série a partir do fim de setembro. Que a Força esteja conosco até lá!