Direto do Havaí — A próxima leva de notebooks promete mudar a forma como trabalhamos: eles são equipados com processadores ARM da Qualcomm, rodam Windows 10, têm conexão constante à internet e oferecem até uma semana de duração de bateria, sem sacrificar o desempenho.
“Uma semana de bateria” foi um termo repetido à exaustão no evento da Qualcomm, mas ainda é mais uma fórmula de marketing do que algo real. Na prática, os dois notebooks anunciados pela Asus e pela HP prometem autonomia entre 20 e 22 horas contínuas — suficiente para dois ou três dias de trabalho, se você não costuma rodar softwares pesados, o que continua bem animador.
O Asus NovaGo tem preço de notebook intermediário, custando a partir de US$ 599, mas é equipado com processador Snapdragon 835, o mais potente da Qualcomm disponível no mercado. Ele aguenta 22 horas de reprodução de vídeo ou 30 dias em standby conectado. A conexão é 4G, com possibilidade de eSIM (você pode reaproveitar o número do seu celular no notebook) ou o tradicional Nano-SIM.
Por dentro, estamos falando de uma máquina com tela de 13,3 polegadas (1920×1080 pixels), 4 ou 6 GB de RAM, além de 64 ou 256 GB de armazenamento em flash. O modelo mais caro terá preço sugerido de US$ 799, o que ainda fica abaixo da faixa dos mil dólares praticada nos concorrentes com Intel. A Asus promete lançá-lo a partir do primeiro trimestre de 2018.
Já o HP Envy x2 é uma espécie de Surface da HP, com teclado destacável e apoio dobrável na capa, que é revestida de couro. Com bateria de 20 horas de reprodução de vídeo ou 30 dias em standby conectado, ele tem 4G, alto-falante da Bang & Olufsen e 6,9 mm de espessura. O notebook será lançado em 2018 e ainda não tem preço definido, mas está em uma faixa de preço maior que o NovaGo.
Ambos os notebooks rodam Windows 10 — na verdade, Windows 10 S, uma versão que só executa aplicativos da Loja do Windows, mas é possível fazer o upgrade para instalar softwares originalmente compilados para a arquitetura x86. Isso significa que temos um sistema operacional completo, diferente do fracassado Windows RT, que tinha um ecossistema bastante limitado.
A arquitetura da Qualcomm abre algumas possibilidades, se as promessas forem cumpridas. Primeiro, uma autonomia de dezenas de horas significa que não levaremos mais a fonte do notebook para todo lugar. Segundo, o 4G permite baixar e atualizar dados mesmo com o notebook em standby (assim como já acontece no smartphone) e acaba com a dependência de redes Wi-Fi, que quase sempre não são boas fora de casa.
Mas o mais importante é que, depois de muitos anos, parece que finalmente temos alguma opção além da Intel nos notebooks — e as experiências passadas mostram que o surgimento de um novo concorrente pode trazer bons frutos. Veremos o que os computadores com Snapdragon serão capazes de fazer em 2018.
Paulo Higa viajou para o Havaí a convite da Qualcomm.