Não dá para afirmar que um dia todo mundo andará por aí usando pelo menos um wearable, mas tudo indica que esses dispositivos serão bastante populares. Bom, pelo menos é nisso que a Samsung acredita: nesta terça-feira (29), a companhia apresentou oficialmente o Bio-Processor, um minúsculo chip que promete deixar smartwatches, smartbands e afins muito mais inteligentes.
Com nome interno de S3FBP5A, o Bio-Processor foi desenvolvido especialmente para fornecer informações sobre gordura corporal, estimar massa muscular esquelética, medir temperatura da pele, calcular a frequência cardíaca e identificar níveis de estresse.
Do ponto de vista tecnológico, os wearables ainda estão “crus”. A maioria desses dispositivos não vai muito além da medição do ritmo cardíaco, razão pela qual é usada principalmente para fornecer dados sobre atividades esportivas. Esse cenário mostra quão promissor um chip como o Bio-Processor pode ser: a sua gama de recursos é capaz de atrair usuários que precisam monitorar com mais regularidade seu estado de saúde, por exemplo, mas que não praticam esportes.
Para tanto, o chip foi equipado com entradas analógicas que interpretam as informações oriundas dos sensores do dispositivo, processador de sinais digitais (DSP), circuito de gerenciamento de energia (PMIC) que propicia diversos modos de funcionamento para reduzir o consumo, uma pequena quantidade de memória eFlash, entre outros itens.
Por integrar tantos recursos, o Bio-Processor tem um quarto do tamanho que teria se cada um deles fosse um item separado, mas conectado ao outro. Isso torna o chip bastante flexível. Ele pode ser usado tanto em dispositivos pequenos quanto grandes: pulseiras, relógios, smartphones, capacetes e por aí vai.
Aqui, talvez tenha ficado claro para você que a Samsung não criou o Bio-Processor apenas para equipar seus próprios produtos. O chip poderá ser usado por qualquer fabricante interessado em oferecer wearables mais ricos em funções. É um modelo de negócio que a companhia coreana explora com maestria: muitos dos dispositivos móveis que encontramos no mercado são equipados com chips fornecidos pela Samsung.
A empresa reconhece que, até agora, a maior parte das pessoas não tem motivos bons o suficiente para adquirir um wearable. Toda a indústria já percebeu que a oferta de mais recursos é o caminho para que o interesse por esse segmento cresça, mas não é tão simples assim integrar tantos sensores em dispositivos diminutos.
O Bio-Processor é um dos primeiros componentes que surgem para preencher essa lacuna. A própria Samsung deverá lançar mais opções. No primeiro momento, os wearables mais inteligentes oferecerão uma gama maior de recursos, mas logo mais haverá necessidade de aperfeiçoamento: não basta só disponibilizar vários tipos de informações, é necessário que elas sejam tão precisas quanto possível.
Dá para notar que a necessidade de precisão se manifestará com força nas clínicas médicas. Pelo menos nos países desenvolvidos, há um número crescente de pessoas levando ao consultório dados de saúde coletados em um smartphone, por exemplo, na expectativa de que isso possa ajudar no diagnóstico de algum problema. Mas, normalmente, os médicos rejeitam essas informações porque elas não passam de estimativas — os exames laboratoriais continuam sendo mais seguros, obviamente.
Wearables mais inteligentes não deverão substituir os tradicionais exames, mas se é para monitorar aspectos da saúde, alguma precisão se mostra necessária para evitar que o usuário se cuide menos ou, no outro extremo, se preocupe com um problema de saúde que não existe.
Mas não é só em relação a cuidados de saúde que um wearable dotado de mais funcionalidades pode fazer diferença. O padrão de atividade cardíaca de uma pessoa é quase tão único quanto uma impressão digital, logo, a função de eletrocardiograma do Bio-Processor pode ser usada para que o usuário consiga abrir a porta da sua casa ou do seu carro sem usar chaves, por exemplo — o dispositivo vestível se encarrega de ativar o sensor correspondente para realizar a autenticação.
Se o Bio-Processor poderá atender a pelo menos parte dessas aplicações é difícil saber, mas não tardaremos a descobrir: o chip já está em produção. Os primeiros dispositivos baseados nele deverão ser lançados no primeiro semestre de 2016.
Realidade aumentada e o futuro dos wearables
Em um episódio que pega carona com o início das vendas do Apple Watch, nos reunimos para falar sobre um tema que está em alta no mundo da tecnologia: os wearables e a realidade aumentada. A equipe que participa deste Tecnocast já testou os principais dispositivos que estão no mercado, e a gente tenta aproveitar essas experiências para descobrir para que servem esses devices e qual o futuro deles — se é que existe um. Aperte o play e não deixe de conferir ?