Animal Crossing: New Horizons foi lançado em 20 de março e o título não poderia vir em um melhor cenário: seu personagem compra um pacote de viagem para se isolar em uma ilha, longe de todos — isso te soa familiar? Junto com você está o capitalista Tom Nook, seus semelhantes Timmy e Tommy e mais duas criaturas que serão seus vizinhos. Minha quarentena (virtual) começou há uma semana e este tem sido meu melhor passatempo durante o isolamento social em decorrência do coronavírus (Covid-19).

Deixo claro que este texto não é um review, trata-se apenas das minhas impressões pessoais sobre o jogo.

A Nintendo falou pela primeira vez de uma versão de Animal Crossing para o Switch em setembro de 2018. No anúncio, a previsão era de um lançamento em 2019, entretanto, foi na E3 de 2019, que o primeiro trailer, com detalhes sobre o New Horizons foi exibido ao público, confirmando a nova e definitiva data para 20 de março de 2020.

Confesso que mordi a língua desde quando comecei a ver os anúncios sobre o novo título da série de Animal Crossing. Eu não entendia o hype, a animação e toda ansiedade da comunidade em torno desse jogo. Na verdade, ainda pouco sei sobre ele. Eu comprei meu Nintendo Switch em junho do ano passado e essa foi minha primeira experiência “real” com o mundo da Nintendo (oi, emuladores), desde jogos a consoles. E, em menos de um ano, tudo que eu esperava era títulos de Pokémon. Cada novo Direct sobre Animal Crossing me frustrava.

animal crossing new horizons

Eu tinha a imagem de ser um jogo ao estilo The Sims, com criaturas fofinhas e pouca coisa para fazer. Então o jogo foi lançado, reviews publicados e vídeos no YouTube postados — a maioria dos canais de games que eu acompanho tiveram conteúdos acerca de New Horizons. Obviamente, passei a assistir, a ler, a conhecer. Até eu chutar o balde e usar uns créditos que tinha em uma certa loja online para comprar.

Laços que me prendem

Eu tenho postado muita captura de tela na rede social que quem me segue deve estar exausto de ver tanto sobre Animal Crossing por lá. Eu pausei o progresso de Super Smash Bros Ultimate e Pokémon Sword para me dedicar inteiramente ao desenvolvimento da minha ilha e ajudar meus vizinhos.

Para ser sincero, eu ainda nem sei quem é Isabelle e qual a importância dela para a série. Por outro lado, já entendi todas as intenções do Tom Nook, o mercenário que me deixa endividado e me pede para fazer todo o trabalho pesado na ilha, enquanto meus vizinhos aproveitam a praia para malhar ou a sombra de um coqueiro para relaxar.

animal crossing new horizons tom nook

Carinhosas intrigas à parte, tenho adorado o desenvolvimento das relações com esses personagens da ilha. Cada um tem sua personalidade e modos de vida. Alguns gostam mais de conversar e vêm com mais frequência falar comigo, enquanto outros não dão a mínima e esperam que eu procure por eles para saber se ainda estão vivos.

A Nintendo consegue criar bons laços entre jogadores e personagens. Digo não só por este título, mas tenho uma ligação emocional com ao menos um personagem nos últimos jogos que tenho jogado: o Link em Breath of the Wild, meus Pokémon em Let’s Go Eevee ou Sword e também a Kirby em Super Smash Bros Ultimate. Agora, em New Horizons, Poncho é meu morador preferido, ele usa até um vestido de camponês que eu dei a ele de presente.

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Três novos moradores estão para chegar na minha ilha e, por mais inusitado que pareça, não vejo a hora de conhecê-los propriamente para saber como são, o que gostam de fazer, como vão aproveitar a ilha e por aí vai. Cada um tem sua própria casa ou tenda (dependendo do plano de viagem que o Tom Nook vendeu a eles) e assim como você desenvolve sua casa, o espaço deles também é aprimorado de tempos em tempos.

Essas interações, dos personagens com o mapa, são tão gostosas de observar. Eles reagem às atividades que você faz, usam os objetos novos que você coloca na ilha, sentam abaixo de uma nova árvore que acabou de ser plantada, vibram por você quando você consegue pescar um peixe ou capturar um inseto. Faz tudo parecer que são mais que NPCs espalhados no jogo, eles carregam emoções.

As tarefas diárias

Ainda que Animal Crossing não tenha um objetivo traçado ou uma meta de vida para o personagem, existem algumas tarefas que você faz para expandir a ilha e desbloquear novas possibilidades, mas nada é obrigatório. Tudo é baseado em crafting, ou seja, é necessário coletar recursos para construir equipamentos, móveis, itens de decoração, roupas, etc.

Alguns desses itens são limitados a uma quantidade diária. Não posso, por exemplo, tirar mais que oito minerais de uma rocha no mesmo dia, tenho que esperar até o próximo dia (sim, horário é sincronizado com a vida real) para que seja possível extrair recursos da mesma pedra de novo.

animal crossing new horizons crafting

Com isso, você acaba criando uma rotina diária de atividades na ilha: todos os dias tem o pronunciamento do Tom Nook, no qual ele apresenta as novidades do dia, fala sobre novos moradores ou eventos e em seguida o mundo (pedaço de terra no meio do mar) é livre para você explorar, coletar recursos, pescar, descobrir itens e afins.

Eu tenho jogado todos os dias e mais horas do que o necessário, até um ponto que ou a bateria do meu Switch acaba ou volto para a realidade e vou fazer outras coisas na vida real. A diversão e prazer que eu tenho ao jogar New Horizons não vem desde The Legend of Zelda: Breath of the Wild, ao descobrir novos lugares, itens escondidos ou possibilidades com Link em Hyrule.

Sou fiel a todos os principais jogos da franquia Pokémon, se eu tivesse os consoles anteriores, certamente teria esses títulos na coleção. Contudo, jogo por amor, por consideração à minha infância. Ainda me divirto e crio laços com meus bichinhos, porém Animal Crossing desbloqueou um troféu a mais de diversão no meu cérebro. É minha dose diária de desligamento do mundo exterior, coronavírus, quarentena e todos os subtítulos.

Eu te ajudo com esse museu, Blathers

Em um ponto dos primeiros dias de jogo, você consegue fazer com que e a ilha tenha um museu. O local é gerenciado pela Blathers, uma coruja bióloga que detesta insetos, mas entende que fazem parte do ecossistema da vida.

animal crossing new horizons blathers

As únicas atividades sem limite diário na ilha são a pesca e a captura de insetos. Há um compêndio de insetos e outro de peixes para ser completado — imaginei isso como a “Pokédex” de Animal Crossing. E cada nova espécie pode ser doada ao museu para exposição.

animal crossing new horizons. compêndio

Há diversas espécies, desde grilos, cigarras, borboletas, até tartarugas, tubarões e raias. Cada uma é destinada a uma seção do museu. Esses espaços de exposição, foram, nesses sete dias que tenho jogado, o ponto mais alto de beleza no jogo. Completar a enciclopédia dos bichos e ver o museu completo é meu objetivo principal, ao menos por agora.

animal crossing new horizons museu

De novo, não é algo obrigatório. E tende a levar muito tempo. Isso porque determinadas espécies de insetos ou peixes aparecem em certas épocas do ano ou apenas em condições especiais. Aqueles disponíveis só em março, por exemplo, só voltarão ao jogo no próximo ano. Outros só aparecem à noite, enquanto uns apenas quando chove.

animal crossing new horizons compêndio

Sem contar que seus equipamentos quebram, para fazer tudo demorar ainda mais. É bem chato, principalmente quando você está bem longe de uma mesa de trabalho para construir uma vara de pescar nova ou uma rede para pegar os insetos.

Um escape da quarentena

Ao juntar algumas Nook Miles (Milhas Nook) concluindo tarefas básicas no jogo, você consegue resgatar uma passagem para uma ilha aleatória. O voo é feito pela Dodo Airlines e, se der sorte, eles te levam para uma ilha, digamos, especial. Esse novo local pode conter itens comuns, lixo (botas, latas e pneus) ou raridades que você nunca encontraria na sua ilha, desde plantas, a fósseis (não mencionei que também pode buscar fósseis para a Blathers, né?) e animais.

Outra maneira de sair da sua ilha é jogar com outras pessoas, no modo multiplayer. Cada jogador pode ou convidar amigos para entrar na sua ilha ou ir para a deles. Se ele tem uma espécie frutífera que você não tem, essa é a oportunidade. O modo multiplayer suporte até oito jogadores e requer uma assinatura do Nintendo Switch Online.

É só por isso que eu venho tentando convencer todos meus amigos que têm Switch a baixar Animal Crossing. Mentira, eu quero que vocês tenham essa experiência também.

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Conclusão

Eu não sou um especialista em todo histórico da série Animal Crossing, tenho estado mais presente no mundo do jogos desde o último ano, quando entrei no Tecnoblog. Desde então, poucos títulos à minha disposição, em termos de console, me agradaram tanto.

Neste ano ainda comecei a jogar Super Smash Bros Ultimate e Pokémon Sword. O primeiro tornou-se casual, quando tenho pouco tempo ou quero ver algo diferente (já que é uma reunião de vários ícones do mundo dos jogos), enquanto o segundo resolvi pausar o progresso para esperar um primo meu que deve iniciar a jornada dele em Galar em breve.

New Horizons tornou-se uma tarefa da minha rotina. E não uma obrigatória, como vinha sentindo com League of Legends, ao buscar a primeira vitória do dia para completar a missão diária e ganhar uma experiência extra, que, afinal, é uma estratégia para manter os jogadores ativos todos os dias.

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Animal Crossing chegou em um momento que o mundo enfrenta a quarentena, para evitar ser infectado pelo novo coronavírus. Trancadas em casa, essas pessoas buscam formas de entretenimento para ter o que fazer, enquanto não podem fazer nada com os amigos por aí afora.

Ironicamente, New Horizons também te coloca em quarentena. Só que por outra perspectiva, a de um escape da realidade, da rotina e da correria do dia a dia. Regida por uma trilha sonora relaxante, gostosa e aconchegante, a vida nesse pedaço de terra é minha recomendação para quem puder experimentar o jogo.

No fim das contas — e das taxas pagas —, muito obrigado pelo “pacote de fuga”, Tom Nook, seu capitalista safado.

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