O Android TV ainda é um sistema operacional difícil de ser encontrado em smart TVs, mas aparelhos como o Mi Box, da Xiaomi, podem ser uma alternativa boa e barata. O dispositivo é um dos poucos do mercado equipados com o software do Google feito para a tela grande. Apesar de não ser vendido oficialmente no Brasil, o set-top box chinês se torna uma opção interessante para quem está disposto a importar e modernizar a TV de casa, com mais funções que um Chromecast e mais liberdade que uma Apple TV.
Apple TV 4K: saiba tudo sobre a nova set-top box da Apple
O Mi Box tende a se destacar da multidão de dispositivos que transformam a TV em smart. Em um pacote compacto e com um visual discreto, a promessa é de bom desempenho, vários apps para instalar e a flexibilidade pela qual o Android é conhecido no celular. Veja abaixo como o aparelho se sai no mundo real e se a compra vale a pena.
Design
O design é um dos pontos altos do Mi Box. Embora não haja acabamento com alumínio ou outro material similar – a carcaça do dispositivo e do controle remoto são fabricadas em plástico – a sensação é de um aparelho bem construído. O destaque é o tamanho, menor que uma Apple TV, que cabe até no bolso da calça se necessário.
Disponível apenas na cor preta, o Mi Box tende a se posicionar discretamente no layout da maioria das salas de estar. Desavisados dificilmente dirão que o Android está rodando em um aparelho separado da TV.
O controle remoto tem um formato parecido com o que vem na Apple TV, porém mais robusto. O aumento de tamanho facilita a pegada e, como não há metal na construção, o acessório é bem leve. Os botões presentes são o mínimo exigido para navegar pelo Android na TV: liga/desliga, setas direcionais e tecla de seleção acima; abaixo, há os botões de voltar, início, volume e microfone.
Há poucas portas no aparelho, todas se localizam na parte traseira: saída HDMI (o cabo acompanha na caixa), USB 2.0, áudio de 3,5 mm e de energia.
Instalação
Ao tirar o Mi Box da caixa, basta conectá-lo a uma fonte de energia e à TV usando o cabo HDMI que vem no pacote. O primeiro uso é simples, principalmente se você já tem um smartphone Android. Nesse caso, basta dizer o comando “Ok, Google, configurar o meu aparelho” para iniciar o processo. Com sorte, só é necessário tocar em um botão para confirmar o uso da sua conta no set-top box e começar a usar em poucos minutos.
Se você não tiver acesso ao telefone ou não estiver na mesma rede Wi-Fi, a configuração inicial pode ser mais demorada, mas não leva mais do que 5 minutos – só o tempo de digitar manualmente login e senha com o controle remoto.
De imediato, o Mi Box se conecta à rede sem fio e exibe a tela inicial com apps como Netflix e YouTube. Em seguida, uma visita à Play Store permite o download de vários aplicativos essenciais, como Globo Play, Facebook Videos e MX Player para rodar vídeos baixados da internet em qualquer formato.
Funções
O aparelho da Xiaomi chama atenção por conta da variedade de recursos. Ele tem funções do Chromecast para receber conteúdo espelhado do celular e acesso a uma loja de apps de entretenimento e jogos. Além disso, o dispositivo conta com memória interna para armazenar filmes, séries e músicas. O espaço é restrito, de apenas 5 GB disponíveis, mas é possível conectar um pendrive para expandir a memória e transferir conteúdo do PC e do celular para a TV sem depender de fios ou de conexão Wi-Fi.
Na prática, é possível usar apps clássicos como Netflix e YouTube com agilidade e, diferente do Chromecast, sem depender do celular para isso. A flexibilidade do Android ainda permite usar o smartphone para manejar o Mi Box caso seja necessário – para isso, basta baixar o app do Android TV, útil para digitar buscas e logins no teclado virtual.
O Mi Box é feito para entretenimento, exibindo uma série de sugestões de vídeos para assistir, de acordo com o histórico de visualização e apps instalados. Apps de karaokê e o Globo Play, que se tornou nativo do Android TV, são também boas alternativas de diversão. Mas o aparelho pode ir além, servindo também como uma central de mídia offline, como papel de parede digital para a TV ou como monitor de apresentações de slides.
As limitações ficam por conta da oferta escassa de apps na loja do Android TV. Embora a Play Store esteja lá, ela não oferece nem de longe a variedade de programas disponíveis no Android comum para celular. Isso sem falar na presença de apps não otimizados para a tela grande, como o ES File Explorer, um dos únicos gerenciadores de arquivos para baixar, mas que é difícil de usar com o controle remoto.
Esse ponto fraco, vale lembrar, não é culpa do Mi Box, mas de problemas com o próprio sistema do Google para TV, que segue atrás do tvOS, da Apple, em termos de quantidade e qualidade de apps.
Especificações e desempenho
A ficha técnica do Xiaomi Mi Box se parece com a de um smartphone intermediário como o Moto G5. No entanto, o aparelho exige menos do hardware do que um celular e, por isso, apresenta desempenho comparativamente superior. Com 2 GB de RAM e um processador quad-core e 2,0 GHz, o set-top box chinês consegue rodar qualquer app para Android TV e os principais jogos disponíveis na limitada Play Store.
Em testes, o aparelho rodou de forma satisfatória jogos como Minion Rush e o mais avançado Asphalt 8 Airborne. A performance não chega a ser fluida como em um smartphone premium, mas deve agradar a quem busca por jogos casuais na TV.
Outra especificação que vale menção é o suporte a imagens em 4K e com HDR, desde que você tenha uma TV compatível com as duas tecnologias.
Custo-benefício
O Mi Box é um aparelho pequeno e versátil, com várias funções interessantes e ainda agrada no preço. Embora não seja vendido oficialmente no Brasil, é possível comprá-lo em sites de importação por cerca de US$ 70, cerca de R$ 220 sem considerar impostos. O valor é similar ao cobrado no país pelo Chromecast, que oferece só uma pequena parte dos recursos disponíveis no Mi Box.
O preço do set-top box chinês pode chegar a mais de R$ 500 em algumas lojas online que importam o aparelho de antemão e mantêm estoque no Brasil. Ainda assim, o valor é muito inferior ao da Apple TV 4K, vendida por, no mínimo, R$ 1.299.
Em termos de custo-benefício, há poucos negócios tão vantajosos atualmente no mercado quanto o Xiaomi Mi Box – desde que você esteja disposto a importar e esperar, possivelmente, até dois meses pela entrega.
Apple TV 3 ou 4: qual geração vale a pena comprar? Opine no Fórum do TechTudo.