The Surge é o novo game da Deck13 Interactive, produtora de Lords of the Fallen, para PS4, Xbox One e PC. Apostando no “gênero Dark Souls”, o jogo traz uma ambientação futurista, cercada de mistérios e inimigos nada simples de serem derrotados. Confira o review completo:
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Quando a esmola é demais, o santo desconfia
Essa frase faz muito sentido para o protagonista do game: Warren. Com dificuldades para andar, ele aceita o desafio de passar por experiências com a implantação de um exoesqueleto para que possa recuperar os movimentos de suas pernas. Em troca, seria funcionário da própria empresa CREO.
Só que Warren passa por problemas na implantação do sistema em seu corpo, e quando acorda, acaba encontrando devastação e criaturas muito hostis em seu caminho. A partir daí, o jogador segue o mesmo ritmo do protagonista para entender o que acontece e as formas de eliminar o caos implantado na sede principal da empresa.
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Criaturas (repetitivas e) impiedosas
Quando comparado com outros jogos do gênero, como Dark Souls, Bloodborne e até mesmo seu irmão Lords of The Fallen, The Surge peca em um dos principais atrativos: os inimigos em seu caminho.
Enquanto nos outros títulos há um leque enorme de criaturas diferenciadas, em The Surge há uma limitação que desagrada e até mesmo prejudica. Isso porque tamanha semelhança confunde o jogador na hora de saber quem é quem. E mesmo que o enredo do jogo “obrigue” essa semelhança, já que é uma proposta de exoesqueletos que dominaram seres humanos, ainda assim suas características e aparência poderiam ser mais detalhadas.
E quando um Big Boss entra em cena, também não há muito o que comemorar. Ainda fazendo uma comparação com outros títulos do gênero, sempre há aquelas criaturas marcantes, seja por sua dificuldade ou por suas características. Em The Surge, os chefões não conseguem ter o mesmo impacto e são esquecidos a medida que outros surgem em seu caminho.
Criando seus equipamentos
O sistema de criação de equipamento e aprimoramento de The Surge é o grande ponto alto do jogo. Baseando-se no conceito de exoesqueleto – já que não há uma desculpa medieval para o uso de armaduras – o jogo traz uma proposta de escolha do que evoluir e da forma que você irá fazer isso.
Em outras palavras, há diversos tipos de armadura. Cada uma delas possui altos e baixo. Por exemplo, enquanto a armadura Rino aumenta a sua defesa, ela não consegue ser tão veloz como a Lince. Cabe ao jogador decidir qual característica é a mais importante naquele momento, uma vez que o próprio game muda esse tipo de situação, obrigando a mudança constante de exoesqueleto.
E tudo isso girando em torno de Sucata, que em The Surge é como se fossem Pontos de Experiência e moeda. Ao mesmo tempo em que é necessário utilizar Sucata e determinadas peças para criar e evoluir os componentes de sua armadura ou novas armas, ela também é utilizada para ampliar o poder de seu núcleo. E se ele não fosse importante o suficiente para ditar boa parte do funcionamento do seu corpo, também é uma regra para abrir determinadas portas e seguir novos caminhos.
Dificuldade que atrai e afasta
A dificuldade elevada do game é um dos seus principais atrativos. Entretanto, o tiro pode sair pela culatra. Afinal, por mais que a popularidade de Dark Souls e seus genéricos sejam gigantescas, ainda há muitos jogadores que repudiam esse tipo de game sem piedade de seus descuidos.
Desta forma, enquanto muitos se sentirão desafiados a explorar os mistérios da base abandonada da CREO, muitos outros não terão a mesma paciência de gastar horas e horas eliminando os mesmo inimigos nos mesmos locais apenas para upar uma determinada parte da sua armadura ou evoluir o seu núcleo.
Além disso, The Surge não traz um elemento a mais que faça com que esses jogadores menos pacientes deem uma chance ao jogo. Seja o pouco carisma e interação do protagonista, ou os inimigos comuns e pouco interessantes que estarão no seu caminho. Ficou faltando um elemento a mais para mexer um pouco com jogadores fora deste nicho.
Jogabilidade complexa
A dificuldade citada acima também se propaga para outros elementos do jogo, como a sua jogabilidade. É preciso reconhecer que o sistema de combate traz um inovador sistema de direcionamento de seus golpes. Você pode optar por golpear seus adversários de um lado para o outro ou de cima para baixo.
Aliado a esse sistema, há também um posicionamento do ponto onde você deseja atacar. As partes azuis mostram os pontos fracos e desprotegidos de seus inimigos. Se sua intenção é eliminá-los com rapidez, o foco é bater ali mesmo. Já as partes amarelas mostram uma região protegida, mas que pode ser adquirida depois que seu oponentes for eliminado. Por exemplo, caso você precise de peças para criar ou evoluir um determinado capacete, é preciso focar na cabeça de seu adversário caso ela esteja amarelada.
Tudo seria muito perfeito, se a mesma jogabilidade não contribuísse negativamente. Ou seja, por mais que todos os pontos citados acima sejam inovadores, a execução não é uma das melhores. Isso porque o personagem é lento demais para golpear e os controles gravam alguns comandos. Portanto, se você apertar duas vezes para golpear o oponente, ele irá fazer essa sequência, mesmo que você tente cancelar para se esquivar ou algo do tipo.
Fica a esperança de que o game melhore isso em futuras versões. Ou até mesmo que a ideia seja ampliada para outros jogos do gênero. Pois a intenção é boa, mas a execução, não!
A maldição da câmera
O visual de The Surge não é algo de ponta, mas também não deixa a desejar. Em muitos momentos há elementos que merecem críticas, como os pedaços de caixas que, quando destruídas, voam mais rápido que a luz, ou detalhes mais simples de cenários e outros elementos.
Mas nada comparado a “Maldição da Câmera de Lords of The Fallen”. Quem jogou o outro título sabe que não há nada mais irritante que a visão em locais menores que engole o personagem, fazendo com que ele desapareça no meio de um combate. Ou seja, você praticamente não consegue se localizar e adivinhar o que é seu inimigo e o que é o seu personagem.
Em The Surge o problema volta a aparecer. Ok, sejamos sinceros para alertar que ele não é tão comum como em LOTF, mas sim, ele está presente! Portanto, prepare-se para perder seu personagem de vista em corredores mais apertados ou vê-lo sumir, na hora de se aproximar de um chefe ou uma criatura maior que ocupe mais espaço da tela.
Conclusão
The Surge é um game que aparece como uma excelente alternativa para os fãs do chamado “gênero Dark Souls”. Com uma dificuldade elevada e outros elementos comuns aos títulos desse estilo, o game consegue se destacar por trazer uma ambientação que até então nunca foi utilizada para esse propósito e inovações no sistema de combate. Mas tropeça nas próprias pernas ao tentar aplicar essas novidades de uma forma eficiente. Mesmo assim surge como uma das grandes surpresas do ano e a esperança de ser uma nova franquia a se firmar.