Desde o início do ano, a operadora Hughes vinha prometendo colocar seu serviço residencial de acesso à internet via satélite para funcionar no Brasil. Pois saiba que a promessa está prestes a ser cumprida: os planos da HughesNet estarão disponíveis a partir de julho com velocidades que começam em 10 Mb/s (megabits por segundo). O anúncio foi feito hoje (28), em São Paulo.
O mercado brasileiro não é novo para a Hughes. A empresa está há um bom tempo aqui fornecendo acesso via satélite para o segmento corporativo. Agora, o foco está declaradamente nos usuários residenciais, além de empresas de pequeno e médio porte. A companhia pretende formar clientela principalmente em locais que são pouco ou nada atendidos pelos serviços de banda larga convencionais.
Não são poucas áreas. Logo de cara a gente pensa em regiões rurais ou municípios muito afastados de grandes centros urbanos, mas até mesmo em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro é possível encontrar usuários residenciais ou empresas que não conseguem contratar planos de banda larga fixa minimamente decentes. A estrutura de telecomunicações dos pontos mais afastados das regiões centrais, não raramente, é precária.
Oportunidades, portanto, há. E a Hughes vem com metas ousadas: o objetivo da companhia é cobrir 80% do território brasileiro até o final do ano, 90% até 2018 e 100% até 2020. A operadora vai ter que encarar alguns desafios para conseguir estar presente em todos os municípios brasileiros, mas deu a entender que está determinada a chegar lá: “o investimento já foi feito”, ressalta Rafael Guimarães, presidente da Hughes no Brasil.
Para tanto, a companhia vai operar o serviço na banda Ka, faixa em que, segundo a própria, satélites de alta capacidade trabalham tendo custo mais baixo. O satélite a ser usado na operação, o Eutelsat 65 West A, está em órbita geoestacionária desde março.
A Hughes não está sozinha nessa empreitada. A companhia fechou uma parceria operacional com a Elsys, empresa brasileira que tem longa tradição no mercado de equipamentos para telecomunicações (principalmente TV, para ser mais preciso).
Basicamente, a Hughes cuidará de toda a parte administrativa, incluindo aprovação e gerenciamento da base de clientes. Já a Elsys responderá pela parte estrutural, incluindo distribuidores e lojistas — ambas esperam ter uma rede com pelo menos 20 mil pontos de vendas e assistência em todo o Brasil.
Porém, entretanto
Não seria tão fácil assim, né? É claro que há detalhes nesta história que merecem atenção, muita atenção. Para começar, o uso de determinadas aplicações pode ser um sofrimento. Isso porque, em boas condições operacionais, o ping da conexão pode ficar entre 600 e 800 ms (afinal, estamos falando de satélite).
A própria empresa reconhece que, nessas circunstâncias, você poderá ter problemas para participar de jogos online ou fazer transmissões via Skype, por exemplo. Esse tipo de acesso acaba sendo mais apropriado para atividades básicas, como redes sociais, web e email.
Outros complicadores são os preços e as franquias. Sim, elas existem e estão divididas em duas faixas. A primeira é para uso diurno, enquanto a segunda, um pouco mais generosa, é para consumo entre 0:00 e 7:00. Eis os planos para clientes domésticos:
- 10 Mb/s: 1 Mb/s de upload, 15 GB diurnos + 20 GB noturnos por R$ 249,90 mensais;
- 15 Mb/s: 1,5 Mb/s de upload, 20 GB diurnos + 30 GB noturnos por R$ 349,90 mensais;
- 20 Mb/s: 2 Mb/s de upload, 25 GB diurnos + 40 GB noturnos por R$ 449,90 mensais.
Há ainda taxa de adesão de R$ 359 e contrato de fidelidade de 12 meses.
No segmento empresarial, os planos são estes:
- 15 Mb/s: 3 Mb/s de upload, 20 GB diurnos + 20 GB noturnos por R$ 459,90 mensais;
- 20 Mb/s: 4 Mb/s de upload, 30 GB diurnos + 30 GB noturnos por R$ 659,90 mensais;
- 25 Mb/s: 5 Mb/s de upload, 40 GB diurnos + 40 GB noturnos por R$ 859,90 mensais.
A taxa de adesão é de R$ 469 com contrato de fidelidade de 24 meses.
Se o consumo ultrapassar a franquia, o usuário continuará navegando com velocidade entre 500 Kb/s e 1 Mb/s. Pelo menos isso! Também dá para contratar mais tráfego: cada gigabyte adicional custa R$ 29,90. O mesmo vale para empresas.
No geral, bem caro, né? Mas os executivos da Hughes deixaram claro que a companhia não trabalha com a máxima de quanto mais clientes, melhor. O sistema como um todo tem limites, razão pela qual bairros e cidades que são bem atendidas por serviços de acesso via fibra óptica ou DSL, por exemplo, não receberão divulgação do serviço. O alvo da empresa está mesmo em pontos que são atendidos precariamente.
E esses pacotes de dados, então? Em uma época em que lutamos contra a implementação de franquias em serviços de banda larga fixa, os limites dos planos da HughesNet parecem até uma afronta. Mas Guimarães explica que, hoje, é impossível oferecer internet via satélite sem franquias. Novamente, o motivo é o limite do serviço: “o excesso de um cliente pode prejudicar os demais usuários na mesma estrutura”.
Como já dito, a HughesNet começa a funcionar oficialmente em 1º de julho. No início, apenas cidades de São Paulo e Minas Gerais terão disponibilidade. Os demais estados serão atendidos até setembro, com exceção para Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, que receberão cobertura nos próximos anos.