Quando você menos esperava, a Motorola lançou mais um smartphone da linha Moto X. Com tela resistente a trincos e estilhaços, o Moto X Force chega para os desastrados que derrubam o celular no chão e não querem mais ter a desagradável surpresa de ver um display todo despedaçado após um acidente.

O Moto X Force tem o melhor hardware da Motorola, mas também o maior preço: por R$ 3.149, ele oferece processador octa-core Snapdragon 810, câmera de 21 megapixels com flash LED duplo, 3 GB de RAM e nada menos que 64 GB de armazenamento interno, para atender a todas as necessidades dos antigos usuários do Moto Maxx.

Vale a pena comprar um Moto X Force? Eu usei o lançamento da Motorola por uma semana como meu smartphone principal e conto minhas impressões nos próximos parágrafos.

Design

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O Moto X Force é um Moto Maxx com design mais trabalhado. Os botões capacitivos na frente, o formato quadradão e os botões de plástico nas laterais saíram para dar lugar ao estilo da linha Moto X. Ele ainda possui uma opção de traseira de nylon balístico, mas com tramas menores, que colaboram com a ergonomia — a pegada está mais segura, e o aparelho não escorrega tão facilmente.

As bordas do Moto X Force são de alumínio, o que nos leva a dois pontos. É um material mais sofisticado, que passa uma impressão melhor quanto ao acabamento. Mas o alumínio é bastante maleável, o que é um problema se você considerar que o argumento de marketing do Moto X Force é ser um aparelho “que não quebra sua confiança”. Não quebra, mas é facilmente marcado: após algumas quedas, certamente a aparência do smartphone ficará bem ruim, com arranhões e amassados.

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A parte frontal é dominada pela tela AMOLED de 5,4 polegadas com resolução de 2560×1440 pixels. Assim como no Moto X Style, há um flash LED para a câmera frontal, ajudando um pouco nas selfies em ambientes com iluminação ruim. As duas grades na parte inferior enganam à primeira vista: o áudio sai apenas do lado direito; o lado esquerdo é usado pelo microfone.

Curioso notar que a bandeja para os dois chips Nano-SIM e a entrada para microSD têm um design bem peculiar. Você pode colocar dois chips de operadoras, e ambos os slots suportam conexões 4G. Você também pode expandir o armazenamento de 64 GB com um cartão de memória. Mas não tudo ao mesmo tempo: o espaço é compartilhado entre o segundo chip e o microSD, e não é possível colocar os dois simultaneamente.

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A ergonomia do Moto X Force não é das melhores, especialmente para uma empresa que se mostrava bastante preocupada com essa questão no passado. Há curvas suaves nas laterais e uma traseira plana, que não contribui muito com a pegada. O maior problema é a moldura enorme em volta do display, tornando o aparelho mais largo que o normal. O Moto X Style, com tela de 5,7 polegadas, mede 76,2 mm, enquanto o Moto X Force de 5,4 polegadas tem 78 mm.

Como a Motorola não faz nenhuma modificação no software para facilitar o uso com apenas uma mão, o tamanho avantajado e não muito bem aproveitado pode se tornar um inconveniente.

Tela

Normalmente eu junto minhas considerações sobre a tela com o design, mas o visor do Moto X Force merece um capítulo à parte.

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A Motorola promove o Moto X Force como tendo uma tela resistente a trincos e estilhaços, denominada ShatterShield. Depois de derrubar o aparelho no chão propositalmente algumas vezes, o display realmente permaneceu intacto. Isso acontece devido à própria construção da tela: em vez de vidro, a Motorola colocou um plástico para revestir o painel AMOLED.

Plásticos não quebram quando caem, mas têm um problema em relação ao vidro: são menos duros e portanto mais fáceis de riscar. A tela do Moto X Force pode ser “inquebrável”, mas definitivamente não ficará intacta por muito tempo. Depois de uma semana, mesmo colocando o aparelho num bolso separado, o display ficou cheio de riscos.

Não são riscos profundos, mas incomodam em algumas situações — e um arranhão visto não pode ser desvisto. A lente externa, que teoricamente protege contra ranhuras e abrasões, se mostrou deficiente.

O painel também não impressiona. Diferente do que fez no Moto X Play e Moto X Style, que possuem telas IPS LCD, a Motorola decidiu colocar um visor AMOLED no Moto X Force. É um painel de altíssima definição, mas sem altíssima qualidade, que sofre de brilho fraco e cores desequilibradas, esverdeadas ou amareladas — e inferior aos usados nos outros Moto X, que são mais baratos.

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O único ponto positivo de uma tela AMOLED num smartphone da Motorola é que o Moto Tela, que exibe notificações sem necessidade de ligar o aparelho (basta pegá-lo ou passar a mão por cima da tela), é realmente útil. Como o AMOLED liga apenas os pixels necessários, há uma economia de energia aqui.

Software

O software da Motorola nunca muda muito entre aparelhos da mesma geração, então você sabe o que esperar: um Android quase puro, estável, com poucas modificações e sem aplicativos pré-instalados que você não vai usar.

Caso já tenha lido meu review do Moto X Style e Moto X Play, pode pular para o próximo tópico. Se não:

“Pegue o Android puro, desenvolvido pelo Google. Agora, adicione um gesto para abrir a câmera rapidamente, um assistente pessoal que escuta com o aparelho em standby, um aplicativo para integrar outros produtos da Motorola e um atalho exigido pela Lei do Bem para cortar os impostos. Esse é, basicamente, o Android 5.1.1 Lollipop que roda no Moto X Force.

Não é uma abordagem que agrada todo mundo (tem gente que prefere os recursos adicionais oferecidos por uma TouchWiz ou ZenUI da vida), mas é o modelo que mais me satisfaz — se eu quiser alguma função não disponível nativamente, posso procurá-la no Google Play. Com um sistema operacional que só traz o essencial, é mais fácil adaptar novas versões do Android e manter uma certa consistência no desempenho e na estabilidade do smartphone.

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Em relação aos aparelhos anteriores da Motorola, praticamente nada mudou no software.

O Moto Voz é o assistente pessoal que pode ser ativado mesmo com o aparelho em standby e tem integração com determinados aplicativos que, até pouco tempo, o Google Now não tinha. Você pode publicar um texto no Facebook, enviar uma mensagem pelo WhatsApp ou tocar o clipe de alguma banda no YouTube — nem sempre o reconhecimento de voz acerta, especialmente com nomes próprios, mas na maioria das vezes funciona bem.

Os sensores embutidos no Moto X Force também permitem que o smartphone faça determinadas ações com o Assist. Se você estiver dirigindo, o aparelho pode automaticamente começar a reproduzir música no som do carro. Numa reunião, o smartphone fica em silêncio e pode enviar um SMS por conta própria para quem ligou e não foi atendido, por exemplo.

O que muda no software do Moto X Force em relação ao Moto X Play é que há suporte a mais gestos, devido aos sensores adicionais. Além do movimento de girar o pulso duas vezes para abrir a câmera rapidamente, você pode ativar a lanterna (agite o aparelho duas vezes), usar o assistente de voz sem precisar apertar nada (apenas levante o aparelho na altura da orelha com a tela desligada, e ele detectará isso) e ativar o Moto Tela (passe a mão por cima).

Ou seja, é um Android que oferece apenas o básico e não enche a tela de botões, ícones e recursos que você não vai usar. E funciona.”

Câmera

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As câmeras dos Moto X de terceira geração estão bastante parecidas, tanto nas especificações quanto nos resultados obtidos. Todos os modelos possuem sensores de 21 MP na traseira e 5 MP na frontal, ambas com lente de abertura f/2,0. O resultado é bom em todos eles — e impressionante para uma fabricante que, até pouco tempo atrás, quase sempre oferecia uma câmera inferior a dos concorrentes.

A câmera do Moto X Force oferece resultados que agradam, com baixo ruído, cores equilibradas e boa definição, pelo menos em ambientes favoráveis. O software de câmera é bastante simples, com poucas opções de personalização: você pode ativar o HDR, configurar o flash ou ligar o modo noturno, mas basicamente o que precisa fazer é tocar no display e tirar a foto.

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Em ambientes noturnos ou com iluminação ruim, a câmera por vezes tem dificuldade para focar ou gera mais ruído que a média da categoria; é uma inconsistência de qualidade que aparelhos como o Galaxy S6 não possuem, mesmo custando menos — o topo de linha da Samsung é frequentemente encontrado na casa dos 2 mil reais no varejo.

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O problema da câmera do Moto X Force é que, mesmo sendo a melhor câmera que a Motorola já colocou em um smartphone, há opções superiores quando se considera o alto preço de R$ 3.149 que a empresa está cobrando. A Motorola evoluiu, mas os concorrentes também.

Hardware e bateria

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O Moto X Force traz o melhor hardware entre os smartphones da Motorola. Ele acompanha o polêmico Snapdragon 810, um processador octa-core que pegou má fama por ser esquentadinho demais. O que posso dizer é que, de fato, ele aquece mais que o normal em uso intenso. Notei algumas engasgadas no software nesses momentos, provavelmente por causa da redução de clock forçada do chip para diminuir a temperatura, mas não a ponto de incomodar.

De qualquer forma, é um hardware potente, que roda qualquer aplicativo ou jogo disponível no mercado. A GPU Adreno 430 é uma das melhores que temos atualmente, e os 3 GB de RAM não decepcionam no desempenho multitarefa. Os aplicativos abrem rapidamente, e alternar entre eles é uma tarefa rápida.

Vale destacar os 64 GB de armazenamento, algo ainda incomum no mercado, mas extremamente importante porque… bem, qual o sentido de oferecer filmagem em 4K e gráficos poderosíssimos se você precisa fazer malabarismos para armazenar vídeos e jogos? O Moto X Force elimina esse problema para a maioria dos usuários. Se ainda não for suficiente, um microSD de até 2 TB resolve o problema (se você não precisar usar um segundo chip de operadora, claro).

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A bateria foi um pouco decepcionante. Mesmo com capacidade de 3.760 mAh, eu tive problemas para chegar até o final do dia em algumas ocasiões. Pela minha experiência, é uma bateria provavelmente inferior a do Moto X Style (que tem apenas 3.000 mAh, mas processador mais econômico) e com certeza pior que a do Moto Maxx e Moto X Play.

No meu dia de testes com uso pesado de dados, tirei o Moto X Force da tomada às 9h40, ouvi músicas e podcasts (Spotify e Pocket Casts) por streaming no 4G durante 2 horas e naveguei na internet, entre emails, redes sociais e páginas da web, também no 4G, por cerca de 1h40min. A tela ficou ligada por exatamente 2h03min, com brilho no automático. Às 22h06, a bateria chegou aos 25%.

Curiosamente, num dia bem mais leve de uso de dados móveis, a bateria foi de 100% a 47% das 11h40 às 23h30, com 2h46min de tela ligada. Nessa ocasião, eu assisti a um vídeo de pouco mais de uma hora com resolução 720p, armazenado no próprio aparelho. Por isso, o problema da bateria gigante, mas apenas razoável, parece estar relacionado ao processador, não à tela.

Na prática, até dá para alcançar as 36 horas de autonomia que a Motorola promete no Brasil, mas com moderação. Aliás, uma curiosidade: o Motorola Droid Turbo 2, que possui exatamente o mesmo hardware, é vendido como tendo “48 horas de bateria” nos Estados Unidos — e olha que o modelo americano vem com os aplicativos inúteis da Verizon, que detém a exclusividade do modelo. Ué?

Se a autonomia não impressiona, a velocidade de carregamento continua ótima com o carregador TurboPower 25, o mesmo que acompanha o Moto X Style. Eu consegui elevar a carga de 5% a 100% em apenas 1h20min, o que é espetacular para uma bateria tão grande.

Conclusão

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O Moto X Force tem grande apelo para quem chora só de pensar em gastar milhares de reais num smartphone e ver seu dinheiro ir embora com uma simples queda. A tela do topo de linha da Motorola não quebra se o aparelho for derrubado e, mesmo se quebrar, a fabricante oferece quatro anos de garantia, substituindo gratuitamente o componente danificado.

Mas, tirando esse diferencial, não há muitos motivos para comprar o Moto X Force. Vamos analisar. Em relação ao Moto X Style, que está um nível imediatamente abaixo, você basicamente gastará quase mil reais a mais para:

  • Ter um processador melhor. Mas o Snapdragon 808 é um ótimo chip, que roda qualquer coisa, é mais econômico e tem cabeça fria.
  • Ter o dobro de armazenamento. Lembrando que é possível expandir a memória de 32 GB do Moto X Style com um microSD.
  • Ter uma tela menor. Isso poderia ser uma vantagem para quem não gosta do visor gigante de 5,7 polegadas do Moto X Style, mas não é, já que o aproveitamento de espaço do Moto X Force é pior. Tela menor, aparelho maior.
  • Ter uma bateria maior. No entanto, como vimos, uma capacidade mais alta de bateria não necessariamente se traduz em mais horas fora da tomada.
  • Ter uma tela resistente a trincos e estilhaços. Porém, você receberá em troca um painel de qualidade inferior e mais sensível a riscos.

Por isso, acredito que o custo-benefício do Moto X Style é bastante superior ao do Moto X Force. E mesmo o Moto X Style não é uma compra certa em sua categoria. Por R$ 2.499, a Motorola está competindo diretamente com smartphones como Galaxy S6 e LG G4, que possuem ótimas telas, as melhores câmeras do mercado e desempenho igualmente bom — e são opções tão boas quanto.

De qualquer forma, a sensação de saber que seu aparelho não vai quebrar ao cair no chão é indescritível.

Ops, caiu de novo.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.760 mAh;
  • Câmera: 21 megapixels (traseira) e 5 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, GLONASS, Bluetooth 4.1, USB 2.0, NFC;
  • Dimensões: 149,8 x 78 x 9,2 mm;
  • GPU: Adreno 430;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 2 TB;
  • Memória interna: 64 GB;
  • Memória RAM: 3 GB;
  • Peso: 169 gramas;
  • Plataforma: Android 5.1.1 (Lollipop);
  • Processador: octa-core Snapdragon 810 de 2,0 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, bússola, giroscópio, temperatura, infravermelho (gestos), luz ambiente;
  • Tela: AMOLED de 5,4 polegadas com resolução de 2560×1440 pixels e proteção Moto ShatterShield.

Fonte