Black Desert Online finalmente chegou ao Brasil no dia 12 de julho, três anos após o seu lançamento na Coreia do Sul. Desenvolvido pela Pear Abyss em parceria com a RedFox Games, o jogo já está disponível para download no PC em seu primeiro servidor sul-americano e com legendas em português. O game surpreende com seu realismo gráfico, especialmente na geração atual. Mas será que o gameplay é capaz de destacá-lo entre tantos outros RPGs online? Confira a análise:
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O MMO da nova geração
Após uma fase de testes fechados, Black Desert abriu suas portas aos brasileiros com o mesmo conteúdo visto no servidor coreano. Ou quase. O servidor sul-americano foi lançado com seis classes (das 14 disponíveis no coreano) – Guerreiro, Caçadora, Feiticeira, Berserker, Bruxa ou Mago e Domadora. Mas não é apenas a variedade e os gráficos realistas que chamam a atenção agora. O destaque é a tradução do jogo para português brasileiro.
Não é muito comum jogar um MMORPG pela história, na maioria dos casos.
Os jogos deste gênero, com algumas exceções, acabam deixando o
desenvolvimento do enredo de lado, já que o foco está na jogabilidade e
os combates online. Black Desert se mostra diferente neste quesito. A
trama cativa e capricha nos detalhes de maneira que você quer descobrir
mais sobre o mundo e os personagens presentes nele.
Este é um fator que casa perfeitamente com a mecânica de desenvolvimento do jogo. Em Black Desert, o aprendizado é a chave para qualquer classe, profissão ou para obter contatos. O mundo ao seu redor parece grande, mas é limitado pelo conhecimento do personagem. Ou seja, você só terá acesso a determinados itens, missões e NPCs quando adquirir informações sobre eles, lendo, conversando ou explorando.
O game se tornou mais acessível com a tradução, já que o entendimento
afeta diretamente a jogabilidade e as missões. Isto adiciona um nível
extra de dificuldade e o jogador fica mais imerso, pois é necessário que
se converse com os NPCs sobre diversos assuntos, como economia,
cidades, outros personagens e etc. E tudo é baseado em um sistema no
qual alguns assuntos são mais interessantes para certos NPCs do que para
outros. Você precisará gastar energia para montar diálogos com esses
objetos de interesse.
Inimigos entram na lista de conhecimento. Você não pode ver a vida de
uma criatura se não souber nada sobre ela. É preciso matar algumas para
adquirir informações sobre sua natureza e, assim, poder ver sua barra de
vida.
Essa mecânica imerge o jogador na história, o incentiva a explorar e
interagir. Com isso, a progressão também se torna mais natural e não tão
rápida como acontece em outros RPGs online. A dificuldade para subir de
level, no entanto, não é grande. O próprio jogo oferece bônus de
experiência por horas e dias conectado, o que facilita bastante. Por
isso, este sistema de conhecimento, aliado a outras mecânicas, se torna
essencial para complementar a experiência de Black Desert.
Conhecimento é tudo
Contudo, a mecânica de conhecimento é apenas uma parte do conjunto que
torna Black Desert um verdadeiro RPG. O capricho em criar uma
ambientação imersiva é perceptível a cada passo dentro do jogo. Isto
acontece porque tudo se conecta de alguma maneira. Não estamos falando
de um RPG com mecânicas apenas para o modo online, mas de uma história e
jogabilidade mais voltada para o gênero tradicional.
O jogo começa com o personagem acordando em um campo aberto, onde um
espírito negro rouba suas memórias. Ele oferece uma espécie de contrato e
passa orientá-lo ao longo das missões com a promessa de devolver suas
memórias ao final das tarefas. A criatura é parte importante da sua
jornada, oferecendo missões essenciais para o crescimento do personagem.
No entanto, isto é apenas o começo.
A quantidade de coisas para se fazer é de deixar qualquer um meio
perdido à primeira vista. Mas não se engane. O mercado, as classes e
objetivos estão conectados, de maneira que você acaba usando todas estas
funções em determinado momento no jogo.
E você não está limitado apenas a sua classe. O personagem pode comprar
terrenos, se tornar um negociante, um alquimista, refinar materiais
para si mesmo ou vender no mercado. Você pode criar animais, cultivar
plantas, contratar trabalhadores e ser um pouco de tudo.
Se você cansar de fazer missões para subir de nível, pode experimentar
algo completamente diferente. Como entrar em uma guilda, refinar
materiais para armaduras, desenvolver suas habilidades culinárias ou
simplesmente passar a tarde pescando na beira do rio.
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Um mundo “vivo”
Mesmo quem não jogou Black Desert, provavelmente já ouviu falar do jogo
por causa do seu visual. O criador de personagens do jogo é um dos mais
completos entre o gênero e com certeza o mais realista. Ele funciona
como o The Sims 4, permitindo que você puxe, estique e arraste cada
centímetro do rosto e corpo do seu personagem. O criador impressiona de
tal forma que já foi disponibilizado separadamente para download.
No entanto, o realismo de Black Desert não se limita ao visual – apesar
de deixar qualquer um de queixo caído. O mundo tem mais que texturas,
ele parece estar “vivo” na maior parte do tempo. Os NPCs são ficam
parados à deriva; os personagens estão sempre em movimento, interagindo e
exercendo suas profissões livremente pelo mapa.
Apesar das legendas, o jogo está dublado em inglês. Mas não é por isso
que qualidade do trabalho sonoro deixa nada a desejar. A atuação das
vozes está bem feita e tem variedade, assim como os efeitos sonoros e
músicas que tocam nas cidades, na troca de mapas e também durante os
combates.
Agora, combine a mecânica de conhecimento, a quantidade de
possibilidades para seu personagem e um mundo que é independente. O que
temos? Um RPG completo. Um jogo que, com uma combinação simples, criou
complexidade suficiente para desenvolver uma economia própria e um
sistema de classes funcional. Além disso, as missões ainda oferecem
escolhas para que você possa traçar seu próprio caminho.
E é possível aproveitar a experiência sem ter uma máquina tão potente.
Os requisitos mínimos do jogo são mais baixos que o esperado, e o
próprio game oferece configurações para melhorar a otimização em PCs com
menos potência. O jogo também inclui opções para quem quer extrair o
máximo dos gráficos, mas o jogador fica dependente da conexão, que pode
atrasar o carregamento de algumas texturas.
O melhor está no combate
Claro que, o desenvolvimento da história e o visual, como um todo, são
dois pontos que chamam a atenção na hora de se escolher um RPG online.
No entanto, o game também precisa de um bom sistema de combate, fluído e
agradável nos controles, para se destacar entre os demais. E Black
Desert acerta em cheio no combate e jogabilidade.
A movimentação do personagem é o primeiro ponto que se observa logo no
começo do jogo. O personagem é ágil, flexível (dependendo da classe) e
tem movimentos naturais. Ele pode esquivar, rolar para os lados, saltar e
ainda conta com habilidades que se mesclam ao balanço do seu corpo, o
que abre uma gama de possibilidade na hora do combate.
Cada personagem tem habilidades e atributos distintos, que o
classificam para diferentes estilos de luta. O jogo combina uma árvore
de habilidades com equipamentos sem restrição de level para que o
jogador tenha liberdade suficiente de criar a combinação que mais o
agrade.
O combate é no estilo “hack and slash” com golpes, tiros e cortes muito
rápidos. Ele funciona tanto para quem quer só ganhar experiência,
fazendo aquelas missões básicas para eliminar inimigos, ou para quem
deseja criar estratégias para duelos ou guerras entre guildas.
Os comandos também se adaptam ao estilo do jogador. Cada habilidade
pode ser realizada de duas maneiras; o jogador pode fazer a sequência de
botões no teclado e mouse ou colocar o atalho do golpe para usar no
teclado numérico. A jogabilidade é extremamente agradável com mouse e
teclado, porém, não podemos dizer o mesmo do controle.
Apesar do jogo ter previsão de lançamento para o Xbox One em 2018, o
suporte para controle ainda é parcial. Por conta disso, os comandos se
tornam irritantes de se usar – para invocar o espírito, por exemplo, é
necessário apertar três botões. Mesmo com um joystick, o jogador ainda
tem que usar um ponteiro do mouse com o analógico.
E a customização?
Black Desert não é um jogo gratuito. O game é vendido em três pacotes
diferentes com benefícios, que variam de acordo com o valor. Isto pode
afastar alguns jogadores, mas a vantagem é que o título exclui a
necessidade de uma assinatura mensal ou anual, e oferece conteúdo
suficiente para competir com qualquer outro MMO da atualidade.
O que pode acabar preocupando os jogadores é a loja do jogo, que vende
conteúdo extra e personalidade em troca de pérolas, itens comprados com
dinheiro real. Há muitos jogos que oferecem vantagens injustas para
aqueles que pagam, chamados popularmente de “P2W” (Pay to Win) e fazem
com que todo o sistema do jogo se torne desequilibrado.
Felizmente, Black Desert não sofre desse mal. Os itens vendidos na loja
são puramente cosméticos e servem apenas para modificar o visual do
personagem. As roupas, no entanto, não são baratas e custam cerca de US$
16 dólares cada set completo (aproximadamente R$50 reais na conversão).
Há outros itens que podem ser adquiridos para dar uma ajudinha na sua
jornada, como pergaminhos e poções, alimentos e mascotes. Contudo, parte
deles podem ser comprados “de graça” com Milhas que o jogador recebe de
prêmio pela quantidade de horas em jogo.
Conclusão
Black Desert é um excelente MMORPG e tem o que é preciso para competir
com outros do gênero, em especial a nova leva de jogos da nova geração
de consoles e PC. O servidor sul-americano ainda está nos primeiros
estágios e certamente precisa de mais estabilidade de conexão. Mas, no
geral, o preço do jogo compensa a experiência e a qualidade do conteúdo
oferecido pela Peal Abyss.
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