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A polêmica envolvendo James Damore, engenheiro demitido após criticar as políticas de diversidade do Google, ganhou um novo capítulo. O CEO Sundar Pichai iria fazer uma reunião de grande escala nesta quinta-feira (10), mas decidiu cancelá-la após ameaças aos funcionários.

Pichai explica em um e-mail que as perguntas dos funcionários foram vazadas, assim como a identidade de alguns deles.

“Nós esperávamos ter uma discussão franca e aberta hoje… mas nossas perguntas apareceram externamente esta tarde, e Googlers estão sendo nomeados pessoalmente em alguns sites”, escreve Pichai no e-mail. “Os Googlers estão preocupados com a segurança deles, e preocupados que possam ser ‘expostos’ publicamente por fazer uma pergunta na reunião.”

Ele diz: “a grande maioria de vocês é muito favorável à nossa decisão; uma porcentagem menor gostaria que fizéssemos mais; e alguns estão preocupados em não poder falar livremente no trabalho. Todas as suas vozes e opiniões são importantes, e eu quero ouvi-las”. Em vez de uma grande reunião, grupos menores devem se encontrar no futuro.

Segundo o The Verge, uma conta do Twitter relacionada ao 4chan reuniu, nesta terça-feira (8), catorze perfis de funcionários do Google. O tweet foi amplamente divulgado por pessoas ligadas ao movimento alt-right, como Milo Yiannopoulos. A vice-presidente de diversidade Danielle Brown estava inclusa na lista, e teve que trancar a própria conta depois de receber uma enxurrada de mensagens abusivas.

No domingo (6), o blogueiro Theodore Beale (conhecido como Vox Day) publicou capturas de tela do Google+ interno, mostrando funcionários criticando o manifesto de Damore, sem apagar os nomes nem as fotos de perfil. O site Breitbart publicou mais imagens no dia seguinte, também sem ocultar os autores.

O manifesto de Damore argumenta que o Google deveria reduzir sua empatia em relação à diversidade, e que a disparidade entre homens e mulheres na tecnologia se deve parcialmente a fatores biológicos. A demissão do engenheiro gerou uma reação entre funcionários mais conservadores do Google, bem como de ativistas alt-right fora da empresa.

Inclusive, um movimento está se formando para realizar manifestações na frente dos escritórios do Google. A #MarchOnGoogle está programada para ocorrer em 19 de agosto em pelo menos cinco cidades americanas, incluindo Mountain View — onde fica a sede da empresa, e onde Damore trabalhava.

O engenheiro deu suas primeiras grandes entrevistas para Stefan Molyneux e Jordan B. Peterson, duas figuras conhecidas na alt-right; e fez uma sessão de fotos com Peter Duke, fotógrafo famoso por fotografar pessoas desse grupo.

Em uma das fotos, Damore segura uma placa dizendo “despedido por dizer a verdade”:

Em outra imagem, ele usa uma camisa com a palavra “Goolag”, uma referência aos gulags — campos de trabalho forçado para inimigos políticos na União Soviética.

Tenho a sensação de que essa história só tende a piorar.

Com informações: CNN, Ars Technica, The Verge, Business Insider.

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