Hellblade: Senua’s Sacrifice foi anunciado pela produtora Ninja Theory, a mesma de DmC: Devil May Cry e Heavenly Sword, como mais um game de ação e temática medieval. O que poucos sabiam, porém, é que ele seria tão focado em história e no desenvolvimento da personagem, neste caso Senua. Muito além dos combates e dos gráficos, que por si só já são excelentes, Hellblade traz algo que muitos jogos falham atualmente: sentimento e uma mensagem bem importante. Confira nossa análise completa:

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No tempo dos vikings

Hellblade é extremamente focado na cultura viking. Senua inicia sua jornada em direção ao Hel, a “terra dos mortos”, onde precisa, em teoria, resgatar alguém importante para sua vida. Ela é uma jovem guerreira de seu clã, mas que aparentemente sofre com a falta de confiança interna, ansiedade máxima e a pressão social que sofria entre seus iguais.

Hellblade: Senua’s Sacrifice (Foto: Reprodução / Felipe Vinha)

É isso mesmo que você leu: Hellblade trata de sentimentos reais em uma terra irreal. Senua é uma pessoa com transtornos graves, mas ainda assim muito comuns na sociedade atual. Não ao acaso é que a equipe de produção faz questão de informar que o desenvolvimento do jogo foi acompanhado por especialistas da área de saúde, para que tudo seja apresentado de forma realista e uma lição seja passada.

Pouco podemos falar da história para não estragar as surpresas. Até mesmo o tão falado sistema de apagar o “savegame” de acordo com as mortes, que gerou notícias polêmicas ao longo do lançamento do game, pode ser considerado um spoiler – pois trata de algo que acontece na história, com Senua.

Hellblade: Senua's Sacrifice (Foto: Reprodução / Felipe Vinha)Hellblade: Senua’s Sacrifice (Foto: Reprodução / Felipe Vinha)

Porém, o game te passa, a todo o momento, a impressão de estarmos na pele da jovem guerreira, e faz isso com as dezenas de vozes que falam em sua cabeça ao longo do enredo. Não é ao acaso que a narração da história fique confusa em determinados momentos, de propósito, para que Senua tente entender o que falam em sua mente – vozes passadas de seu povo, mas que ecoam em diversos pontos da história.

Um God of War com Dark Souls?

A jogabilidade básica de Hellblade é inspirada por elementos vistos em outros jogos do estilo ação – apesar de não ser focado 100% sempre em ação. Na verdade, o combate está ali apenas por estar, pois é meio que obrigado ter lutas em um jogo com temática nórdica, já que eram guerreiros conhecidos por suas batalhas que travavam contra inimigos.

Há elementos de God of War, de Dark Souls, e de outros jogos que são minimamente parecidos em termos estéticos ou de design. Mas não pense que os games citados tenham qualquer similaridade mínima com o que Hellblade tenta passar ao seu jogador. O que queremos dizer aqui é que encontramos pontos de interseção entre esses títulos, seja por nuances de combate ou pelo estilo gráfico que os inimigos são apresentados.

Hellblade: Senua's Sacrifice (Foto: Reprodução / Felipe Vinha)Hellblade: Senua’s Sacrifice (Foto: Reprodução / Felipe Vinha)

Como em Dark Souls, por exemplo, Senua não pode atacar sem pensar e o jogador precisa calcular cada investida e cada defesa, adequando-se aos movimentos dos inimigos. E, como em God of War, os inimigos são monstros mitológicos, furiosos e com sede de violência para cima da protagonista. Algo também esperado por conta da temática quase que divina da ameaça.

A jogabilidade geral de Hellblade interessante e, ao mesmo tempo, cansativa, porém. Trata-se de um excelente jogo, com controles bem encaixados e positivamente bem feitos, mas com pequenos pontos que poderiam melhorar, como a repetição de alguns quebra-cabeças e combates. A exploração é feita em terceira pessoa e Senua é quase que totalmente vista na tela, dado o ângulo da câmera bem fechado em cima dela.

Contudo, cabe ao jogador lidar com os controles propositalmente “duros”, pois estamos no comando de uma pessoa abatida, quebrantada e nos seus piores momentos. Dá para perceber estes pequenos detalhes que o estúdio Ninja Theory colocou no game, sem medo de desagradar seu público – principalmente aqueles que estavam acostumados com Heavenly Sword e DmC: Devil May Cry. Um detalhe interessante é que Senua não carrega itens, apenas sua espada. Uma mensagem clara de que o foco não está em uma jogabilidade complexa.

Hellblade: Senua's Sacrifice (Foto: Reprodução / Felipe Vinha)Hellblade: Senua’s Sacrifice (Foto: Reprodução / Felipe Vinha)

É notável que tudo que acontece nos controles e no desenrolar da jogabilidade tenha ligação direta com a história e o estado mental de Senua. O game se esforça para que, constantemente, o jogador seja lembrado que os maiores inimigos não são aqueles que estão em sua frente durante um combate, mas sim os que moram em sua cabeça.

Hellblade faz por merecer seu visual único

Os gráficos de Hellblade: Senua’s Sacrifice são um dos mais bonitos e bem feitos vistos no PS4 e no PC nos últimos tempos. Seguindo de perto o que a Ninja Theory fez em outro título seu, o adorado Enslaved: Odyssey To The West, a captura de movimentos faciais vistos em Senua é de alta qualidade e passam bem o sentimento de sofrimento da protagonista

Uma técnica interessante e usada pelo jogo é a mistura de atores reais com o gráfico do game. Em determinado momento temos visão do passado de Senua e de fantasmas de pessoas reais que ainda a atormentam, que aparecem de forma sinistra nas cenas, representados por pessoas, e não polígonos. É algo que funciona melhor na base do “vendo para entender”, mas funciona muito bem e de forma adequada ao cenário.

Hellblade: Senua's Sacrifice (Foto: Reprodução / Felipe Vinha)Hellblade: Senua’s Sacrifice (Foto: Reprodução / Felipe Vinha)

A trilha sonora foi composta por bandas de rock industrial como Combichrist e VNV Nation, o que já te deixa ter uma ideia do tom do que esperar, se você conhece esses grupos. Todo o tom sombrio que envolve Senua também está nas músicas que completam o cenário e ambientação, além da dublagem não só da protagonista, mas das vozes que a cerca. Tudo isso com o sistema de som binaural, que permite que cada voz fale em um canal diferente de sua TV ou fone.

Conclusão

Hellblade: Senua’s Sacrifice é um jogo com mensagem, com um sentimento maior do que encontramos no mercado e com a importante lição de lidar com seus demônios interiores e transtornos reais do mundo atual – como ansiedade, depressão e síndrome do impostor. Com um preço bem em conta, e aventura de duração certa, este é um dos melhores games do ano e lançados no PS4 e PC. Apesar quebra-cabeças repetitivos e desafios pouco inspirados, sua narrativa, visual e ambientação compensam bastante.

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